понедељак, мај 31

Mais do mesmo, que andava sumido
entretanto, imperativo, retorna
iconoclasta.


Sentir tudo de todas as maneiras,
ter todas as opiniões,
ser sincero contradizendo-se a cada minuto,
desagradar a si prórpio´pela plena liberalidade de espírito,
E amar as coisas como um Deus
Eu que sou mais irmão de uma árvore que de um operário.
Eu que sinto mais a dor suposta do mar ao bater na praia
Que a dor real das crianças em que batem
(Ah, como isto deve ser falso, pobres crianças em que batem -
E por que é que as minhas sensações se revezam tão depressa...)
Eu, enfim, que sou um dialogo contínuo,
um falar-alto incompreensível, alta-noite na torre,
Quando os sinos oscilam vagamente sem que mão lhes toque
E faz pena saber que há vida que viver amanhã.
Eu, enfim, literalmente eu.
E eu metaforicamente também.
Eu, o poeta sensacionista, enviado do Acaso,
às leis irreprensíveis da Vida,
Eu, o fumador de cigarros por profissão adequada,
O indivíduo que fuma ópio, que toma absinto, mas que , enfim,
prefere pensar em fumar ópio a fuma-lo
E acha mais seu olhar para o absinto a beber que bebe-lo...
Eu, este degenerado superior sem arquivos na alma,
Sem personalidade com valor declarado,
Eu, o investigador solene das coisas fúteis,
Que era capaz de ir viver na sibéria só por embirrar com isso,
E que acho que não faz mal não ligar importância a pátria
Por que não tenho raiz, como uma árvore, e portanto, não tenho
raiz...
Alvaro de Campos


1 коментар:

Анониман је рекао...

alvaro caeiro.