среда, септембар 26

escorre de meus dedos nas teclas o que quer correr de mim, fugir, esconder, encontrar abrigo, carinho, conforto, naquele que nunca será capaz de entender e que por isso mesmo se tornou morada digna da angústia e errÂncia e desassossego.
Tanto branco.
lançar-se a existir tanto até desaparecer. e ao mesmo tempo estar infinitamente cansado. ( doublebind para quem assim preferir,mais uma.) Ser triste por ser apenas fascínio sutil e desapercebido aos olhares médios. Sempre me impressiona que algum olhar possa se contentar em não buscar o invisível. E de alguma forma, isso disso tudo ser raro e precário, distingue. Me distingue. Meu alumbramento. Minha margem. Meu destino?

Tenho essa ilusão de me ordeno. Mas sei, copio e invento. imito a máquina. me deixo conduzir. Nunca vou ser alguém, mamãe.

Não é engraçado tudo isso? por que alguém adentra essa porta de abandono, suicídio, solidão? quem pode escolher? alguém pôde?

é tudo apenas dissimulação da mais inescapável incapacidade de ser. qualidade ao contário, mas não necessariamente contrário de qualidade. é apenas e sobretudo uma virtude morta.

среда, септембар 12

assisto, na grande cidade, poetas se ocuparem da minha surda vitória. meu semblante derramado não ousa sorrir, apenas gruni, faz passear os olhos, verdes de outros, eróticos, políticos, burgueses. meu segredo serpenteia agudo em busca daquele que saiba extrair, veneno veneno, mais do que meu ontem, canhestro e suado.
quantas existências desregradas habitam-me?
quantos poetas me sangram? por tanto espero, temo, clamo, gozo, rasgo. tão logo tudo ,
nada.
aquele pássaro, que se fia nas asas. e espera, convida, aquece e trai. mas não vai; não sabe, não basta as asas, sagacidade, desejo, gana.
nada basta. enraizado sem raíz, vítima sem algoz, sonho cansado, insone, distópico. ainda caquético, mas belo. profundo. Azul.

não me toque. não sou um traço cúmplice.
implico
cumplico.

недеља, септембар 9

Ela me disse que não mais voltaria a usar aquela roupa. A noite anterior tinha sido intensa e acordar hoje foi tarefa de sobrevivência. Olhar para o armário e encontrar o lindo longo vestido ali estendido sem seu corpo apenas máscara de uma fantasia real, sem alma, sem vida, sem curva, sem sexo, sem sim, oh yes, sem sim.

No rádio tocava um samba, e ela não sabia aonde estava nem como acabara a noite ali. Ou tudo seria um dos começos dessa história, que não tem nada de original, nem pensa no que é, não sabe fazer a si se não pelo que some, escapa, fere e corta. Ou tudo poderia ser um desses infinitos que inquieta os desajustados, os perturbados, gente que não tem muito a perder senão a (há) perda.

Haviam feito um corte no seu peito. Como?

Não sabia quem ou por que fizeram aquela maldade com ela. Quem poderia fazer uma coisa assim com uma criança tão adorável?

Do corpo cansado passado ultrapassado por tanto afago, um afeto violento sem culpa e sem desculpas, sem medo e porquê, sem nada e sim, oh yes, sim, excesso de todas essas coisas. Ele poderia foder com o mundo, transar sobre a terra entregue aberto numa orgia de dois três cinco cem dez mil gerações juntas entrando pelos seus poros, pelo seus sentidos, narina, ouvido, boca, pau, quem sussurra, ah, eles entram pelo seu cu por todo seu corpo movimentado, agitando e testando todas as suas fibras, diluindo o seu sangue em mil outras orgias tão pouco naturais. Seu corpo repousa despedaçado sobre a terra.

Da terra vem a cana de açúcar que fabrica o álcool que faz o fogo e queima a terra.

Das mãos sai o mal sai o bem sai o bom e o injusto. Sai nada, oh não, sai nada.

Sou forte e bruto, e um pouco mentiroso, amada. Saia! Amada!

Seu corpo explode sobre o chão da terra como fogo de artifício. Suas mentiras deixavam todos cada vez mais irritados. Quando a natureza começaria afinal a ser contada?

уторак, септембар 4


Time is Monet

петак, август 31

retroômenagem aos meus queridos;. ( e se não termino a frase não é por uma delicadeza ou mistério. é por in-decisão quanto ao remetente e por remissão a coragem, de poucos, de desviados e dos desvios, em dizer talvez de maneira irredutível.

A voz do morto
Cae ?



Estamos aqui no tablado
Feito de ouro e prata
E filó de nylon

Eles querem salvar as glórias nacionais
As glórias nacionais, coitados

Ninguém me salva
Ninguém me engana
Eu sou alegre
Eu sou contente
Eu sou cigana
Eu sou terrível
Eu sou o samba

A voz do morto
Os pés do torto
O cais do porto
A vez do louco
A paz do mundo
Na Glória!

Eu canto com o mundo que roda
Eu e o Paulinho da Viola
Viva o Paulinho da Viola!
Eu canto com o mundo que roda
Mesmo do lado de for a
Mesmo que eu não cante agora

Ninguém me atende
Ninguém me chama
Mas ninguém me prende
Ninguém me engana

Eu sou valente
Eu sou o samba
A voz do morto
Atrás do muro
A vez de tudo
A paz do mundo
Na Glória! )

петак, август 17

Nietzsche amargurava-se com o facto de a civilização alemã se ter construído a golpes de cerveja. Michelet via nos rituais do café o traço fundamental das letras da França . E Russell hesitava entre o whisky e o chá para acompanhar uma boa conversa de filosofia.
eu, enquanto brinco de recortar e colar, e ser perversa nas horas vagas, flagro,
mais a contra-pêlo que a contra-gosto: nenhuma palavra estará
aos pés de uma boa #$@***&##¨!@"_**!!!
bebida.
E a escrita ? marca que existe para nos lembrar, impiedosamente, de tal assombro.

Lanço mão de toda honradez nessa constatação. Porque sou desejo e carnívora. Mas não esfomeada. Um animal sem fome, que se caça é antes pelo prazer da presa do que pelo sangue entre os dentes.

Pelo sangue também, talvez. Ou pelo menos às vezes. O que importa nessa descoberta do ponto de fuga, ou da quarta parede, do sétimo dia, é que quando o dia volta, já não se está mais ali. O que também não significa que eu não sofra por não ter adversários a altura. Apenas e apenas isso:não há tempo onde caibam nos meus sonhos. Não suportaria tanto tédio.

Historicamente falando, essa nossa atualidade sempre despenca como realidade
entre nós.


субота, август 11


você disse que tudo na minha vida estava errado. que eu era louca, louca, louca louca, não, louca louca louca. tenha muito cuidado. uma mulher como eu não deve sofrer assim. não deve entregar todos os pontos, pontos pontos pontos pontos pontos. você diz que eu errei. e que tudo na minha vida está errado. sim. você foi apenas um barato que aconteceu na minha vida. não acreditei na loucura que incandesceu meu coração. você diz que eu errei. você diz isso. você vai descer, então ouça: você diz que eu errei, errei, e eu não quero ficar louca, louca, louca louca louca louca, morta louca, louca. (e que minhas gargalhadas não desmintam) mas te amar, eu vou. eu quero. eu juro, só de mal, eu vou. eu quero. eu vou ao supermercado, superpecado, ao supermercado, é, eu vou, eu quero, te amar, eu vou ao supermercado do amor. superman, meu superman, eu desafio o medo sobre a terra. busco o amor fora dela. (manhãs quentes me sufocam, tardes frescas me acalmam) a luz que falta dentro dos homens é a sombra que cega sobre mim. e você diz que eu sou louca, louca, oca oca oca oca. ah meu homem, querido, minha febre reclama um pouco de amor.

e você nunca disse que eu sou louca.

четвртак, август 9

Do tempo de coragem tive apenas o soluço
de alguém que se morde
amordaça
expande
e relaxa.

Aonde está a nossa covardia? a nossa cara-de-pau? a nossa falta de diálogo diante da mesquinhez?

Ou será que, de tudo, por resto, somos nós, você e eu, os únicos desinventados?

уторак, август 7

Ao pó da letra:
esse estranho des-encontro. solidão quente. creo que no todo está perdido. (música tão linda.)vamos nos perder mais e mais e sempre. Bem mais além do mar, quem diz que vai


não vêm. I lost myself on ( ) . do you read me? a palavra deve ser encontrada. Dizem que o pedagogo sabe e o aluno saberá. a palavra não pode ser ausente.


Que nome dar a este evitamento?


Essa violência que não é menos africana que francesa. je pais longstaemps, moutons mystérieux, Les songes vains, les anges curieux...Ici venu, l'avenir este paresse.tout est brulé. E queremos tanto tanto ser norte-americanos...
Pois se me interrogam, se interrogo. perdoei meus brancos. Ontem. é que o amor disseminado a falta de cultura e a brutalidade de espírito me entediam. Não faço idéia do que escrevo, mas cumpro a sina. eu sei eu sei, dor não é amargura. mas quem mais sabe disso? o tédio me dói.
continuomuda em quatro, seis, quinze, dez mil linguas.

só fico tranquila quando o dinheiro que aparece me embriagará. Fico inquieta quando não falta o dinheiro para me embriagar.
é porque não me conformo apenas em arder, preciso ver virar cinzas, esquecimento, morte. e depois traço, letra, escrita.

Ruborizo-me agora? Talvez, por ter sonhado.

-Cada dia leio como se fosse a primeira vez.
-e é.




A gente só sabe viver pra contar depois.

среда, јул 18

As férias de Hegel


MAGRITTE

среда, јул 4

inventariando-me.
para saber,
ou finalmente não-saber:
O QUE ME IMPORTA?


desconfio que invento e dissimulo tudo. minha afecção só não é uma mentira porque não sei diferenciar essas coisas. fico procurando em mim o que vejo nos outros e só encontro um vazio brinco de remendar;

понедељак, јул 2

"O meu mundo não é como o dos outros, quero demais, exijo demais; há em mim uma sede de infinito, uma angústia constante que eu nem mesma compreendo, pois estou longe de ser uma pessoa; sou antes uma exaltada, com uma alma intensa, violenta, atormentada, uma alma que não se sente bem onde está, que tem saudade… sei lá de quê"

уторак, јун 19

Se o discurso falasse por todos sujeitos, e se eu finalmente me visse passar.Quando o chão desfizesse-se, e nada houvesse que não a bela queda. Se falar com todos os eus não fosse ainda falar sozinho, e se o falar com os outros fosse outro que não compartilhar solidão.
Se esse Outro não fosse mais do que uma invenção. E que sua ausência pudesse nunca ser precedida da presença que objetiva eu e ele. Se apenas os indícios.
a questão seria ficar entre o traço e o rastro. o ser e não-ser deslocados num sonho que outro não poderia realizar. A escolha como estado de espírito e fuga.
mergulho pra dentro
mas do dentro do entorpecer, que já sempre é transbordar.

уторак, јун 12

"A coquetterie é uma atitude religiosa,
a elaboração de ritos
em que se exalta o fútil.
Mas a frivolidade deixa revelar a essência:
a paixão pelo pormenor exprime o
desregramento do amor e do ódio
- e é o excesso que acaba por nos fazer sorrir."

Não, eu não me importo em estar sozinho, hoje
por
aqui
agora.

Eu? Sozinho? Não me acuso em tal per-missão..

Disso tudo, disso disso, de estar sozinho, pode estar inter-dito uma chamada
uma recompensa
um reembarque (porque estamos terminantemente transitando)
para o meu próprio lugar,
que não é aqui,
nem acolá.

Aonde será?
O meu? O eu?
E o embarque? Algum lugar?

Empazinado de um salgado mal comido (bem dormido), olhei hoje mais alguns apartamentos. Nada, nada nada. Nada que prestasse. Há que se ter algum fio, esperança, sentido; preciso, então, me fio, no que me confia, e por aí-lá vou eu, sair, novamente, à procura, amanhã.

Sinto saudade de você, e talvez tenha saudade de mim mesmo, de você, e de mim, do trânsito (não do tráfego), do embarque e do desembarque. Aí-aqui-e-já-lá-já-já gosto de você, em trânsito, daqui e daí. Simples

Assim.

понедељак, јун 11

"esse jeito anfíbio de ser me favorece. sei a gíria e um tanto da poesia que essa geração tem em todos os seus fliperamas, seus beatles, seus ácidos. essa literatura me interessa, essa que sai de dentro das páginas e flana nas esquinas, joão do rio, literariamente. nada muito claro. foi lendo Oswald, presente do Charles, que alguma coisa acontece no meu coração. era aquilo, aquele corte seco, garrincha, um humor rápido, gaiato. ou teria sido goddard? o choque. ou seria joão gilberto, nada além do estritamente necessário. desafinado. ou Caetano, me quebrando por dentro e por fora. tão lindo. sei lá. as influências são difíceis de deterctar. onde é a literatura na cabeça da gente??? na janela dum ônibus? num lance?"
Chacal

среда, јун 6

Eu fico.
como se eu pudesse instaurar um ponto, e deixar que o mundo se vire e re-vire. polêmica, dissenso, debate. Eu tenho-sinto-desperto tudo que preciso. Crio os furacões a minha volta. vou pra rua e bebo a tempestade. No horizonte, algumas pessoas se foram. Outras chegaram. E algumas estão aqui mesmo não estando. São tantas.
Essa coisa de saudade faz a gente ver de outra perspectiva quem está perto. Só quero a insolência. E nunca esse ressentimento calado, essa fragilidade travestida de afastamento.
Escrever também põe a gente em outra perspectiva. como uma viagem interna. um porre. um desorganizar inconcluso. vôo de uma abstração profundamente concreta. E no fim de tudo apenas aquela sensação de que entre uma palavra e outra, um trago e outro, um desentendimento e outro, eu fico.
Um dia, quando eu for bem velhinha, vou entender essa gente que não gosta de confusão...


понедељак, мај 28

Amigos de bar
Papos desconexos
Eu procuro um par
De novo o velho sexo
Fedendo a vexames
Procuro alguém para amar
Na rua deserta
Como as Casas Sendas
Não me repreendas
São sempre os mesmos problemas
Não temas
O meu tema sem vida, minha amiga
Só porque eu perdi a vida
O presente mais lindo, um verso, um amor
Paciência comigo
São sonhos tão novos
E amigos antigos
Pra temperar vodka
Gargalhadas gostosas
Acrescenta pequenos momentos de silêncio
Conferir a sério
E esperar o troco
É louco viver!
Boa noite, amiga
Prazer em te ver!

Cazuza.

петак, мај 25

“Escrever é entrar na afirmação da solidão onde o fascínio ameaça. É correr o risco da ausência de tempo, onde reina o eterno recomeço. É passar do Eu ao Ele, de modo que o que me acontece não acontece a ninguém, é anônimo pelo fato de que isso me diz respeito, repete-se numa disseminação infinita. Escrever é dispor a linguagem sob o fascínio e, por ela, nela, permanecer em contato com o meio absoluto, onde a coisa se torna imagem, de alusão a uma figura se converte em alusão ao que é sem figura e, de forma desenhada sobre a ausência torna-se a presença informe dessa ausência, a abertura opaca e vazia sobre o que é quando não há mais ninguém, quando ainda não há ninguém"
M.Blanchot.

понедељак, мај 21

ando me engasgando com as palavras.
tenho tantas e tão pouco a dizer. então?




às vezes.
só às vezes.


penso em não esperar por aquilo que surge do inconcebível vazio.

петак, април 27

Consolo na praia


Vamos, não chores.
A infância está perdida.
A mocidade está perdida.
Mas a vida não se perdeu.

O primeiro amor passou.
O segundo amor passou.
O terceiro amor passou.
Mas o coração continua.

Perdeste o melhor amigo.
Não tentaste qualquer viagem.
Não possuis carro, navio, terra.
Mas tens um cão.

Algumas palavras duras,
em voz mansa, te golpearam.
Nunca, nunca cicatrizam.
Mas, e o humour?

A injustiça não se resolve.
À sombra do mundo errado
murmuraste um protesto tímido.
Mas virão outros.

Tudo somado, devias
precipitar-te, de vez, nas águas.
Estás nu na areia, no vento...
Dorme, meu filho.

CDA

недеља, април 8

quase um suspiro:
eu não nasci para isso. não para essa relação
tributável.
há quem fuja da vida burocrática, mas não escape dos protocolos intestinos.
eu me retiro.

vou por venturas. ainda não sei, ainda um quase lugar.
talvez seja bonito. talvez eu aprenda a ver em outro infinito aquilo que curva em mim, e me afoga em tantas interrogações.
não caibo no espaço que fiz; Veredas impunemente.

субота, март 31

neste horizonte que se desdobra, sem conforto, sem promessa, sem seguro. não há garantias.
este falso cansaço, que também é um falso ânimo.
uma vontade de não ser nem isto nem aquilo.
uma vontade de não-ser nessas horas representadas, em fila, em procissão. é preciso escapar. se me encaro, o que vejo? alguém que efetivamente não se importa. que quer o diverso só por ser diverso, que acha tão divertida uma coisa quanto outra. E que só não pode suportar aquilo que, por capricho ou preguiça, não varia. De resto, as musas, as divas, as putas?! príncipes, mabembe, bandido?! dessas máscaras que se faz senão um carnaval? não me peçam seriedade com essas personalidades todas, não me acusem de magoar essas ficções, não me fale de exagero.eu te falo de preguiça.
são dias e dias tecendo.
dias de acordar e sentar em frente ao computador e levantar horas depois sem uma única palavra. tudo para amanhã; são dias de conversas certas com pessoas erradas, ou seria bem o contrário?ou coisa nenhuma?dias de vagabundagem virtual, e de cervejas reais, e impressionantes. leva tudo para uma nova claridade, uma outra clareira, que nunca foi outra.
apetece-me o INDEFINIDO. estou em casa.

понедељак, март 26

Ultimatum
Álvaro de Campos

Mandado de despejo aos mandarins do mundo
Fora tu reles esnobe plebeu
E fora tu, imperialista das sucatas
Charlatão da sinceridade e tu, da juba socialista, e tu qualquer outro.
Ultimatum a todos eles e a todos que sejam como eles todos.
Monte de tijolos com pretensões a casa
Inútil luxo, megalomania triunfante
E tu Brasil, blague de Pedro Álvares Cabral que nem te queria descobrir.
Ultimatum a vós que confundis o humano com o popular
Que confundis tudo!
Vós anarquistas deveras sinceros
Socialistas a invocar a sua qualidade de trabalhadores para quererem deixar de trabalhar.
Sim, todos vos que representais o mundo, homens altos passai por baixo do meu desprezo
Passai, aristocratas de tanga de ouro,
Passai frouxos
Passai radicais do pouco!
Quem acredita neles?
Mandem tudo isso para casa, descascar batatas simbólicas
Fechem-me isso a chave e deitem a chave fora.
Sufoco de ter só isso a minha volta.
Deixem-me respirar!
Abram todas as janelas
Abram mais janelas do que todas as janelas que há no mundo.
Nenhuma idéia grande, nenhuma corrente política que soe a uma idéia grão!
E o mundo quer a inteligência nova
O mundo tem sede de que se crie
O que aí está a apodrecer a vida, quando muito, é estrume para o futuro.
O que aí está não pode durar porque não é nada.
Eu, da raça dos navegadores, afirmo que não pode durar!
Eu, da raça dos descobridores, desprezo o que seja menos que descobrir o mundo novo.
Proclamo isso bem alto, braços erguidos, fitando o Atlântico
e saudando abstratamente o infinito.

петак, март 16

CONTRA TODOS E CONTRA NINGUÉMHoje vamos tratar de um tema polêmico: a polêmica propriamente dita. A busca pela unanimidade torna-se incansável à medida que os argumentos vão ficando menos plausíveis, a falta de um senso comum é a linha de partida para a discussão e por fim ganha quem levar no grito. Convencer-se do contrário é dar a mão à palmatória, é sair perdedor de uma guerra sem vencedores. Ou achar que na vida tem-se que entrar sempre para ganhar. O desejo da unanimidade é o único ponto pacífico e por mais frustrante que seja a descoberta do impossível, menos perceptiva é a intenção do real sentido do termo polêmico. Afinal, o que significa polêmica? É ir contra a opinião pública? É ter uma visão particular, e não por isso distanciada, de uma realidade construída apenas no social? Polemizar é contrariar o desejo comum de tornar a rotina uma sucessão de pastiches de identidade. Ser polêmico não é ser simples e puramente do contra; é, antes de tudo, saber que tudo isso vai dar em nada. visão de Hermés Galvão,

недеља, март 11

уторак, март 6

eu tenho corações fora. Dentro só desconheço.

понедељак, март 5

um dia conheci alguém que não tinha medo.
era forte e sincero, mas não tinha nada. era sagaz e voluntarioso, e vivido.
era simples saber como ia perdê-lo.

e nunca teve a menor importância. nunca foi muito homem de receber visita. Em geral ele era encontrável na cidade.um filósofo formidável, me recebia e conversava comigo.

um dia, sem mais, ele parou de ver. logo então percebi que ninguém jamais me enxergaria.

четвртак, март 1

esse estado oscilante porque tudo está parado.



re corte


ao mesmo tempo a causa e o meio de uma lenta hemorragia.

уторак, фебруар 20


Resta essa distração, essa disponibilidade, essa vagueza

De quem sabe que tudo já foi como será no vir-a-ser

E ao mesmo tempo essa vontade de servir,

essa Contemporaneidade

com o amanhã dos que não tiveram ontem nem hoje.

Vinicius de morais

петак, фебруар 16

no interior existia um jardim de cactus, cercado por montanhas azuis. Não estava ali a transcendência, tinha dado um passeio. a menina regava as impossibilidades, que escorriam brilhantes e sem fim. Tocava lentamente os espantos, o que gerava espasmos irrepreensíveis na fluidez da noite.
Abria janelas toda vez que se cansava, e ali descobria que tudo está em seu devido lugar. Uma tristeza doce brotava, ela a servia com gelo, limão e coca-cola. Do frio escaldante, bolhas de desarranjos de muitos tipos estouravam, deixando em seu rosto cicatrizes charmosas e volúveis. Trocava a página e as vozes de um idioma quase incomprensível, quase natural, a despertavam para outro sono.

четвртак, јануар 25


Praticamente, cada vez em que tentei escrever um livro, o cansaço vinha antes do final. Tornava-me lentamente estranho ao projeto que tinha formado. Esqueço o que me inflamava na véspera, mudando de hora em hora, com uma lentidao sonolenta. Escapo-me de mim mesmo e o meu livro me escapa; ele torna-se quase inteiro como um nome esquecido,: tenho preguiça de procurá-lo, mas o obscuro sentimento do esquecimento me angustia.

E se este livro se parecesse comigo?


nenhuma incerteza dessa vez, mas uma renúncia a certeza. É porque o discurso é também o contra-senso da raiva, mas ñ o BASTANTE.


G. Bataille

среда, јануар 24

Ele não é mais mesmo. Pergunte a ele, faça isso, pergunte a ele se alguma vez ele já foi mais, ou ainda, o mesmo, aquele de sempre.

Pergunte!

Não, não pergunte, você não quer saber, realmente. Isso tudo é só uma fantasia. Isso tudo é só a verdade. E os fantasmas são nossos guias.

Alguém tem Medo?

понедељак, јануар 22

Meu pulmão tossindo escarros parece querer me avisar de algo que deve sair daqui de dentro, urgente não por alguma necessária limpeza e purificação do corpo e quase isso emergente, de querer que saia algo logo porque deve sair, mas não sem dor sujeira catarro que leva um pouco desse meu ar expectorante.

Não sou o único que está expelindo sujeira agora é o mundo que está recebendo aquilo que me foi dado sem contrato de troca, acerto de contas, não, nada disso, porra nenhuma que o acerto de contas de nada nos vale senão se enreda pela negação de um erro para a troca, mas não, quando não há um erro, porque não há um acerto, o que se tem para expelir é exatamente isto que renitente faço agora, expectorar o ar da Cidade, jogando meu catarro na cara do Outro no espelho do banheiro no chão da sala de visitas na despensa de uma lembrança, sigo assim o que posso fazer a respeito disso que tosse contra mim, me sufoca e me alivia na espera expectorante de que o último será para sempre o último e que depois dele o que vem será a saúde bonança riqueza, não doença, nada de febre dores odores mórbidos de uma vida débil e ainda assim cuspida e escarrada. Não, quem me dirá ser possível parar com estes pigarros, algum deus algum humano?, ainda assim não, não tem ninguém, sou isso que vomita em vocês desejando o suco grosso e viscoso que salta da boca de vocês porque salta de mim e salta daqui para nossa comunhão, a substância essencial da nossa Cidade que tosse em mim e eu escarro nela, vocês não?, escarro sim como uma oração de graças a deus por existir alguma secreção que nos fixe precariamente num pegajoso mimo pulmonar, nada de cigarros nada de margaridas anjos e seus jardins queimados, o que tenho agora de mim unicamente meu e nada mais além disso uma tosse que acontece aqui e volta e revolta envolta no escarro que salta assim da garganta vindo do meu pulmão sufocado no seu próprio ar ar ar ah...!, ah não!, o que é?, eu preciso expelir isso colocar para fora o que é da substância porque o que está dentro não precisa ser guardado para que mate quem o aloja, nenhuma essência se guarda não, ela se mostra, joga-se violenta e involuntária porque assim ela é, caprichosa e sufocante essência, respiro mais um pouco enquanto atravesso a rua, de um lado cemitério do outro cemitério, um Corcovado melancólico separa a Cidade sentimental e suspiro, é preciso!, já!, eu ainda acredito nisso, no suspiro que precede o espirro, está aí nossa essência mas, grande bosta!, o Ser suspirante diz respira e pede por ar ar ar, avisa que algo vai acontecer pelo seu pulmão fonte de vida e catarro, algo pode fugir para fora dos planos, ensaia dizer o que está aí, o essencial no reflexo da Cidade, o ar que gira o peão e brincando com esse peão coloco para fora aquilo que vem de dentro porque é por fora que o de dentro me vem e fica aqui sufocando preso sempre a chiar a minha respiração para fora, não não não, preciso escarrar na valsa do mundo para ver aonde o meu fôlego suspirante pode ir se estender, assim quase até não aguentar mais, até explodir em fúria e deixar cair a essência da Cidade.

Vejo então no espelho do banheiro o reflexo de uma polpa verde que surgiu de assalto do meu pulmão em direção à boca e libertou-se no ar girando em círculos de um progressivo espiral indo grudar no vidro que nos reflete, meu ar e eu, sim o que vejo agora no espelho da Cidade é de um lado uma esmeralda verde impressionante corro para pegá-la linda e reluzente, e do outro lado um resto de abacate colado porcamente na minha frente naquele vidro ah que verde mais nojento, quem me dera não ver isso, esse abacate desgraçado, quem me dera seguir no mundo espirrando esmeraldas para os pobres de espírito, enriquecê-los com meu cuspe e meu ar já debilitado, mas não, na Cidade o abacate no quintal do pobre parece querer dizer tanto quanto a esmeralda no pescoço do rico e eu expectorante já me perdendo brincando na roda viva que gira em volta do meu escarro sem saber aonde ele vai parar assim porque eu vou puxando o ar até não aguentar socando a história disso tudo para dentro me sentindo sufocado pela minha própria respiração e já uma secreção essencial escondida na minha garganta precisa saltar para me aliviar...

Cuspi.

уторак, јануар 16

se já houvesse passado. se apenas eu ñ soubesse, e isso ñ me inquietasse. se apenas. se ela ñ estivesse ali no mesmo lugar onde sempre esteve, a espreita de mim. vc ñ me conhece. ela me traga, e me habita.


a angústia cala o grito, e meus olhos se refrescam.


deixo tudo pra quando o carnaval acabar.

четвртак, јануар 4

"Povo lindo , povo inteligente,

Em 2007 vai ser pior...
Pior para quem estiver no nosso caminho.

Então que venham os dias.
Um sorriso no rosto e os punhos cerrados que a luta não pára.
Um brilho nos olhos que é para rastrear os inimigos (mesmo com medo, enfrente-os!).
É necessário o coração em chamas para manter os sonhos aquecidos. Acenda fogueiras.
Não aceite nada de graça, nada. Até o beijo só é bom quando conquistado.
Escreva poemas, mas se te insultarem recite palavrões.
Cuidado, o acaso é traiçoeiro e o tempo é cruel, tome as rédeas do teu próprio destino.
Outra coisa: pior que a arrogância é a falsa humildade.
As pessoas boazinhas também são perigosas, sugam energia e não dão nada em troca.
Fique esperto, amar o próximo não é abandonar a si mesmo.
Para alcançar utopias é preciso enfrentar a realidade.
Quer saber quem são os outros? Pergunte quem é você.
Se não ama a tua causa, não alimente o ódio.
Por favor, gentileza gera gentileza.
Os erros são teus, assuma-os. Os acertos também são teus, divida-os.
Ser forte não é apanhar todo dia, nem bater de vez em quando, é perdoar e pedir perdão, sempre.
Tenho más notícias: quando o bicho pegar, você vai estar sozinho. Não cultive multidão.
Qual a sua é verdade? Qual a sua mentira? Teu travesseiro vai te dizer. Prepare-se.
Se quiser realmente saber se está bonito ou bonita, pergunte aos teus inimigos --nesta hora serão honestos.
Quando estiver fazendo planos, não esqueça de avisar aos teus pés, são eles que caminham.
Muito amor, mas raiva é fundamental.
Quando não tiver palavras belas, improvise. Diga a verdade.
As manhãs de sol são lindas, mas é preciso trabalhar também nos dias de chuva.
Abra os braços. Segure na mão de quem está na frente e puxe a mão de quem estiver atrás.
Não confunda briga com luta. Briga tem hora para acabar, a luta é para uma vida inteira.

O ano novo tem cara de gente boa, mas não acredite nele.
Acredite em você!

Feliz todo dia!

Coração em chamas,

Sérgio Vaz
Colecionador de Pedras"