среда, август 31

уторак, август 30

Intrépida busca: ousa tudo, sem necessidade de nada. Uma embriaguês contínua, mas disritmada: cortesia e bestialidade, arte e ignorância, solidão e sociedade.
Apenas um pressentimento:
Narciso se afogou no amor.
Viver o exercício apaixonado de uma busca:A vida está no mínimo e no imenso.
Ainda que nem eu perceba, estou em ti: corpo e Homem indiscerníveis. Choque brutal, esquivo inevitável, inverossímel.
Irreal.
Nós não somos um mundo de realidades.
Somos apenas espaço.
Que jamais é, ainda-não.
Não se pode desistir do nada.

недеља, август 28

Não: devagar.
Devagar, porque não sei
Onde quero ir.
Há entre mim e os meus passos
Uma divergência instintiva.
Há entre quem sou e estou
Uma diferença de verbo
Que corresponde à realidade.

Devagar...
Sim, devagar...
Quero pensar no que quer dizer
Este devagar...
Talvez o mundo exterior tenha pressa demais.
Talvez a alma vulgar queira chegar mais cedo.
Talvez a impressão dos momentos seja muito próxima...

Talvez isso tudo...
Mas o que me preocupa é esta palavra devagar...
O que é que tem que ser devagar?
Se calhar é o universo...
A verdade manda Deus que se diga.
Mas ouviu alguém isso a Deus?

Álvaro de Campos

четвртак, август 25

Todos me acham. Sou obvia?
me escapam.
Sou Difícil?
me conhecem. Sou detestável?
Então fica assim. Não durmo faz quatro dias. O dia todo rumo por lugares que deveria conhecer muito bem, mas não me reconheço. A cada cinquenta minutos um café amargo me faz companhia.Por favor, alucinações alheias mais um pão de queijo. Quando desce. No mais, sonho sempre, discuto invariavelmente, e me indigno com tudo.Penso em discursos anônimos.Lembro de deslocamentos irrevogáveis. Esqueço.Saio para beber. Chego até aquele ponto onde a gente fica intermitente entre o pensar e o sentir, ponto no qual costumam-se decidir as mais importantes coisas. tenho sono? não, ainda não é a hora. vou ler, pensar no descompasso entre meu corpo e o resto. Pensar nas dores, nos cigarros e no que sobra.Em todos os ditos, e nos não ditos também.
Um dia, a cama. deito e então, com um senhor grisalho topetudo, objeto das obsessões recentes, derrido-me.

среда, август 24

Plágio

Eu sou triste
Triste
Porque vocês são feios e burros,
e não morrem nunca.

уторак, август 23

Trabalho agora ranhuras estéticas,
aproveito o dia em sua agudez.
Olho por todos os desvãos. Apareço.
Arremate de tecido de angústia é missão incessante.
misturo todas as setas, e vou ganhar a vida.

Tessitura em labaredas. Pulo muros esquecidos.
tudo psicanálise.
temperos e intempéries.
eu sei, de nada adiantarão estratégias e ausências,
(você não pode mesmo ficar).
Fagocitei-me sem sangrar.

Tem coisa que não nasceu pra ser carcomida.

понедељак, август 22

Site q me acompanhou nessa longa e tão somente mais uma noite insone
http://paginas.terra.com.br/arte/PopBox/sonetario/nsonetario.htm
muito bom!

недеља, август 21

SONETO DA LOUCURA

A minha casa pobre é rica de quimera
e se vou sem destino a trovejar espantos,
meu nome há de romper as mais nevoentas eras
tal qual Pentapolim, o rei dos Garamantas.

Rola em minha cabeça o tropel de batalhas
jamais vistas no chão ou no mar ou no inferno.
Se da escura cozinha escapa o cheiro de alho,
o que nele recolho é o olor da glória eterna.

Donzelas a salvar, há milhares na Terra
e eu parto e meu rocim, corisco, espada, grito,
o torto endireitando, herói de seda e ferro,

e não durmo, abrasado, e janto apenas nuvens,
na férvida obsessão de que enfim a bendita
Idade de Ouro e Sol baixe lá das alturas.

CDA

субота, август 20

Há uma indefinição e uma indiferença.
Alguns cortes, banais.
no fundo, no chão, muitos cacos.
Há muita coisa espalhada,
palhaçadas, aporias e algumas conspirações.
Não há, portanto, nada mais a acontecer.
O caso se encerra antes de ser, esgotoados nos simulacros que cria de si mesmo.
Não há nada a fazer, nem mesmo o nada.
o movimento persiste, por uma rebeldia, mas já não vai levar a nada, e apenas produz uma sensação de fora-de-lugar.
Não é preciso ter pressa, não é preciso ter intenção. Não faz diferença esperar ou não.
Não há o que lamentar, ainda esfacelados eles reluzem algo, talvez seja belo.
Se não há limites não há escolha. No espelho que se destroça, nada se perde que não seja o mesmo.

четвртак, август 18

Todo o resto...
A vastidão que me confundi deixa-me enciumada.Porque o riso escancarado não inibe, a chantagem não desarma,o argumento não convence, a arma não derruba. E tudo isso que permanece me irrita-seduz, desavisado demais para entender que gasto o sono que não tenho e deixo meus pensamentos pastarem, a deriva, por todos lugares onde está, e eu não. O resto, o que me excede, é insistente, e intratável, temível como um exercíto a postos, deslumbrante encantamento daquilo que ultrapassa as possibilidades do que é.

уторак, август 16

O Acaso

Cai
a pluma
rítmico suspense do sinistro
nas espumas primordiais
dde onde há pouco sobressaltara seu delírio a um cimo fenescido
pela neutralidade idêntica do abismo



Fosse

Seria
pior
não
mais nem menos
indiferentemente mas tanto quanto

Mallarmé

недеља, август 14

Eu queria muito poder compartilhar com você este rasgo. Se fosse possível, gostaria que entendesse porque fujo, porque corro, porque simplesmente vou embora e acho melhor não olhar pra trás. Eu queria dizer o que me amedronta, desdobrar o que me perturba, traduzir o que me fascina. Se eu pudesse desfazer todos os nós, cancelar todos os contratos, fuzilar todos os caretas, fazer chorar os sorrisos falsos, inventar todas as verdades e amar sem ódio todas as coisas... Mas não. Sou assim, incompleto, enraivecido, entortado, inquieto e confuso.Eu sei o que quero mas não sei dar a isso concretude. A minha plenitude é uma bolha que se desmancha no ar.
Se eu pudesse sair da minha cabeça, eu conseguiria saber se existe alguma coisa fora dela. Se fosse possível eu sair detrás das paredes do meu corpo, eu conseguiria encarar o mundo de frente.
Do jeito que está, tenho que atuar nele desta forma canhestra e a longo prazo.

петак, август 12

" Pra mim, Ser é admirar-me de estar sendo"

Fernando Pessoa

среда, август 10

Devaneio de máscaras.
Esvoam-se.
Tudo tão leve, eufórico, belo, magistral.
Meu corpo embala-se, e desliza pelas pessoas, coisas e cores. Desvanecem todas elas no mais belo espetáculo exclusivo para mim.
Apenas pairo. Olho em volta, nada faz sentido, tudo tão aconchegante.
Tenho muita vontade de chorar.

уторак, август 9

Se vc me quiser vai ser com o cabelo trançado
resposta na ponta da lingua
teste de HIV na mão
Se me quiser desligue a televisão
Leia filosofia e decore o kama sutra. Muito bem!
Se me quiser esteja em casa
retorne as ligações e traga flores
Não me venha com teorias sobre ereção
ou centimetros a mais
Nem sempre vou querer sexo
nem sempre vou dizer tudo
Ou acender a luz.
Posso usar ternos ou aventais. qual a diferença?
As noites serão sempre mais intensas a luz de velas
Se você realmente me quiser, ouse digerir a contradição.
Me ajude a ser uma mulher diante de um homem.
Quem disse que seria fácil?

(Surrupiado de http://diariodosolhos.zip.net)

субота, август 6

A 'dissipação do espírito' manifesta-se, na tagarelice, na apetência indomável 'de sair da torre do espírito e derramar-se no variado', numa irrequietação interior, na inconstância da decisão e na volubilidade do caráter e, portanto, na insatisfação insaciável da curiositas.

A perversão da inclinação natural de conhecer em curiositas pode, conseqüentemente, ser algo mais do que uma confusão inofensiva à flor do ser humano. Pode ser o sinal de sua total esterilidade e desenraizamento. Pode significar que o homem perdeu a capacidade de habitar em si próprio; que ele, na fuga de si, avesso e entediado com a aridez de um interior queimado pelo desespero, procura, com angustioso egoísmo, em mil caminhos baldados, aquele bem que só a magnânima serenidade de um coração preparado para o sacrifício, portanto senhor de si, pode alcançar: a plenitude da existência, uma vida inteiramente vivida.
traço



s. m.,
acto ou efeito de traçar;

risco;

segmento de linha;

particularidade da linha do rosto;

feição;

fig.,
vestígio;

sinal, rasto;

carácter;

prov.,
pedaço de qualquer coisa cortada transversalmente;

Brasil,
porção de bebida tomada de uma só vez.
EM UMA ESTAÇÃO DO METRO

A aparição destas faces na multidão;
Pétalas em úmido ramo negro.

Ezra Pound

четвртак, август 4

Não. Nunca tive hora pra voltar.E tantas vezes vi o teto girar sobre mim.
Sempre soube que as garotas más podem ir a qualquer lugar. E eu nunca fui a lugar algum. Meu coração vagabundo quer guardar o mundo em si, mas sempre muda de assunto.E não, não há nehuma pretensão, apenas uma vontade de gritar.
Tudo gira.
E nada há de mais divertido.

среда, август 3

Rabelais não leu Mishima.

Kafka não leu Drummond.

Flaubert não leu Bukowski.

Sólon não leu Petrônio.

Heródoto não leu Huidobro.

Racine não leu Augusto dos Anjos.

Victor Hugo não leu Kerouac.

Safo não leu Camões.

Luciano não leu Rimbaud.

Baudelaire não leu Freud.

Apuleio não leu Lautreámont.

Homero não leu Bashô.

Pessoa não leu Rosa.

Machado de Assis não leu Adorno.

Pound não leu Torquato.

Parmênides não leu Dante.

Oswald não leu Leminski.

Shakespeare não leu Maiakóvski.

Ts´ao Ts´ao não leu Peirce.

Odorico Mendes não leu Haroldo.

Cruz e Souza não leu Burroughs.

Gregório de Mattos não leu Verlaine.



A vida é assim mesmo.

Bruno Brum
Comunhão

Todos os meus mortos estavam de pé, em círculo eu no centro.
Nenhum tinha rosto.
Eram reconhecíveis pela expressão corporal e pelo que diziam no silêncio de suas roupas além da moda e de tecidos;
roupas não anunciadas nem vendidas.
Nenhum tinha rosto.
O que diziam escusava resposta, ficava, parado, suspenso no salão, objeto denso, tranqüilo.
Notei um lugar vazio na roda.
Lentamente fui ocupá-lo.
Surgiram todos os rostos, iluminados.

CDA

уторак, август 2

"Escrevo por ter nada a fazer no mundo: sobrei e não há lugar para mim na terra dos homens"
Clarice Lispector