уторак, март 29

Diante do tédio profundo, aleatoriedades absurdas sempre que possível.
Deslocar-se é só uma pausa. Vazio negro no mesmo branco perpétuo. ou vice-versa.

недеља, март 27

Frio, expatriado, cego, permanentemente em luto.Condenado por desamor a vagar pela rua, no meio da margem. Condena-lo a vê-las, todas elas. Todos os dias.
As mãos dos anjos não me consolam. Abismo raso, sem perdão.
Saio. Procuro por elas. Enfureço-me. Falo, discurso, quase desculpo-me. Ele não se levanta mais. Agora, sou apenas um escroto deprimido.
Berro solitário. Não há nem eco.
Eu sei que essa noite lentamente agoniza, como eu. Apenas mais um, transfigurado, transformado, retorcido, estuprado, pasteurizado, processado, industrializado, embalado e finalmente, congelado em pequenos pedaços para que em doses homeopáticas me torne vivo.

петак, март 25

четвртак, март 24

“O que é belo é bom, e o que é bom depressa será também belo."
Safo

среда, март 23

Ninguém é alguém, sou deus, sou herói, sou filósofo, sou demónio e sou o mundo, o que é uma forma cansativa de dizer que não sou.

(sou livre? )

A morte (ou a sua alusão) torna os homens delicados e patéticos. Estes comovem-se pela sua condição de fantasmas. Cada acto que executam pode ser o último. Não há um rosto que não esteja por se desfigurar como o rosto de um sonho. Tudo, entre os mortais, tem o valor do irrecuperável e do perdido. Entre os Imortais, pelo contrário, cada acto (e cada pensamento) é o eco de outros que no passado o antecederam, sem princípio visível, ou o claro presságio de outros que, no futuro, o repetirão até à vertigem. Não há coisa que não esteja perdida entre infatigáveis espelhos. Nada pode ocorrer uma só vez, nada é primorosamente gratuito. O elegíaco, o grave, o cerimonial, não contam para os Imortais. Homero e eu separamo-nos nas portas de Tânger. Creio que não nos despedimos.

Ser imortal é coisa sem importância. Excepto o homem, todas as criaturas o são, porque ignoram a morte. O divino, o terrível, o incompreensível, é considerar-se imortal.

Jorge Luís Borges, in "O Imortal"

уторак, март 22

Considerava-se intrinsecamente um anarquista. Compactuava plenamente com a possibilidade do ir e vir, com a irremediável liberdade do ser que se vê livre. Mas num desses vingativos refluxos de mundo se viu obrigado a usar todas suas identificações; CPF, Certificado de Reservista, Titulo de Eleitor (que a propósito havia sido usado na eleição de Luiz Inácio para presidente). Como o objetivo parecia-lhe interessante procurou-os. E procurou mais e mais, até que o pequeno quarto não permitisse que nada mais fosse encontrado. Por fim desistiu da procura atendo-se ao problema. Matou o cachorro e, ai sim, caminhou liberto em direção a porta.

понедељак, март 21

Como vai?
Difícil responder.Tudo cinza.
?
(...)
Desencantado?
É.
( é por que de tudo o que pode faltar o mais grave é a importância da falta. ausência de desejo? é.)
Por que?
A mesa do bar tornou-se mesquinha.
e o mundo (não) foi mais o mesmo...

недеља, март 20

Tente não ocupar sua vida em odiar e ter medo.

Stendhal

четвртак, март 17

Café Philó
Grandes indagações filosóficas

A natureza é uma obra de arte? A revelação da unidade. Em face do consenso, a salvação passa por uma revolução? O cão. O amor é falta ou plenitude? A felicidade é nosso único objetivo? Haha, vida, o passeio perfeito. O Estado é inevitável? O maldito. A memória é o futuro do homem? Inspirador. Estamos perdendo a razão? A razão em marcha? Somos dignos de ser livres? A inocência perdida. Podemos fugir as nossas responsabilidades? Tribunal. A ciência sem consciência está condenada? Arborescência em zigue-zague. Toda verdade é ilusória? O pragmético. Deus, das almas ou das armas. Deus, o que fazer com este Ser? Dar-lhe a máscara do ente. Desde quando o progresso ficou louco? O moderno deve compreender o mal? Crer. A incerteza é a única certeza? O mundo dos possíveis. Existe vida após a morte? Cicuta. História tem sentido? O céu das Idéias.

среда, март 16

Pedabobia

A construção do nada. Que belo assunto! Cada um vai construir seu próprio nada durante todo o semestre.Sublime tarefa: Vamos escolher o conteúdo do nada, os princípios e fundamentos do nada. Hahahaha. vamos desenvolver a capacidade de análise crítica do nada: vamos nos localizar diante do nada, e qualificar o nada no qual estamos inseridos.Estaremos então finalmente aptos a transmitir didaticamente correto o nada.
E então, (professorinha sorridente adestrada no discurso do gerundio sem fim):" é isso que eu tava querendo estar apresentando pra vcs:
o nada,
nadificando,
nadando."

недеља, март 13

O Sonho Febril da Realidade

A verdade acerca do mundo, disse ele, é que tudo é possível. Não fosse o caso de vocês se terem habituado desde a nascença a ver tudo aquilo que vos rodeia, esvaziando assim as coisas da sua estranheza, e a realidade surgiria aos vossos olhos tal como é, um truque de magia num número de ilusionismo, um sonho febril, um transe povoado de quimeras sem analogia nem precedente imaginável, um carnaval itinerante, um espectáculo de feira migratório cujo derradeiro destino, depois de montar a tenda tantas e tantas vezes em tantos baldios enlameados, é tão indescritível e calamitoso que o espírito humano não consegue sequer concebê-lo.

O universo não é uma coisa limitada e a ordem que o rege não tem peias que, tolhendo-lhe os desígnios, a forcem a repetir noutro lugar qualquer o que já existe num dado lugar. Mesmo neste mundo, existem mais coisas que escapam ao nosso conhecimento do que aquelas que conhecemos e a ordem que os nossos olhos vêem na criação é a ordem que nós lá pusemos, qual fio num labirinto, para não nos perdermos. É que a existência tem a sua própria ordem e essa nenhum espírito humano consegue abarcar, sendo esse espírito apenas mais um facto entre tantos outros.

Cormac McCarthy, in 'Meridiano de Sangue'
Para exprimir espremo-me.
Há um ano, muito neste caderno.
Miro-me. O que vejo não sei. Me desencontro. O que encontro, falta. Nada coincide em meu querer. Mas quero tanto...No fundo, perco o que procuro todos os dias. Destino de quem é somente desejo é viver apenas as extremidades da vida. Transfiguro, oscilo,desperdiço, derramo deslumbre e erros por caminhos que invento-percorro. Negocio com as exigências brutas da vida. Tento delas deleite, tentações, chateações: Vida.

Tanta coisa mudou.E no entanto, nada.
POr que escrevo? por que?

"Escrever é também não falar. É calar-se. É gritar sem ruído."
Marguerite Duras

петак, март 11

Uma abelha pousou em meu vinho. Rodeou as bordas por algum tempo. Gesteou com as asas. Deixou seu cheiro que a mim pareciam flores. Fez carinho em meu dedo e partiu. Plainou rodopiante e tudo o que eu desejava era que pousasse em minha boca. Mas parecia embriagada e em círculos se despediu. Me entristeceu que mesmo na embriagues minha boca não cheirasse flores para ela.

1 ano de idas e vindas
um ano.
um ano desse blog.
vamos comemorar?
hoje?
cerveja?

"embriaguês sagrada, afirmamo-te método."

среда, март 9

"A definição de belo é fácil: é aquilo que desespera"
Paul Valéry

понедељак, март 7

A gente descobre e vive com a alegria de quem trombou ao acaso com um livro ou uma pessoa fantástica.
Outro dia trombei com Adélia Prado num sebo. Achei tão bom que dei de presente.


Ensinamento

Minha mãe achava estudo
a coisa mais fina do mundo.
Não é.
A coisa mais fina do mundo é o sentimento.
Aquele dia de noite, o pai fazendo serão,
ela falou comigo:
"Coitado, até essa hora no serviço pesado".
Arrumou pão e café, deixou tacho no fogo com água quente,
Não me falou em amor.
Essa palavra de luxo.

Adélia Prado
"A apresentação do outro como tal só pode ser a dissimulação de si como tal."
Derrida

недеља, март 6

Sofro de naúsea imaterial.
Antevejo a desilusão. Respiro o fracasso da nossa espécie. Invento vidas para despertar botões. Desfiguro-me. Exalto-me. Despedaço. Me escondo atrás do que não vivi.Tropeço em pedras inquietas indecisas, inexistentes. COnstrui ruínas pelas quais rastejo, e sem pressa, faço com que não percebam que a rua sem saída é na verdade uma bela alameda. Ainda que seja raso e mediocre, visto-me de abismo obscuro e viscoso. Um poço de falsas reflexões e meias verdades.
Não se trata de uma falha de caráter, mas de um sentido intelectual-estético. Apenas uso certas máscaras. E não outras. Não vejo grande distancia entre ser esse postiço ou outro postiço qualquer. Traio-me ao trair. Desapareço ao sentir.
Se me crio é por que me desconheço.Se te crio, é por que pertenço-te.

субота, март 5

Queridos,
pra que tanta chuva?

четвртак, март 3

Respiro agora fora do tédio. carnaval de ações, bacanal de propósitos. Convulsão. eletricidade.

Dos momentos que respiro fora do tédio.
Não, eles não tem por quê. O impulso surge.Sublimimente meu. Tâo do acaso. Irrompe a inércia. Desloca limites.
Fortuna.
Despeço, da naúsea, da impotência, da ira.
Agora, sou deus.


só estou explosão, por que ja não tenho noção da realidade.

среда, март 2

PARA A FAE

O Hierofante

Não há possibilidade
De viver com essa gente
E nem com nenhuma gente
Nem com nenhuma gente
A desconfiança te cercará
Como um escudo
Pinte o escaravelho de vermelho

E tinge os rumos da madrugada
E tinge os rumos da madrugada
Irão de longe as multidões suspirosas

Escutar o bezerro plangente ti ti ti tiriri ririri
Tiriri ririri tiriri ririri tiriri ririri ri...
Lá lálálá lá lá... lá lálálá lá lá...

Lá lá lá lá lá lá lá...
Não há possibilidade
De viver com essa gente
E nem com nenhuma gente
Nem com nenhuma gente
A desconfiança te cercará
Como um escudo
Pinte o escaravelho de vermelho