недеља, новембар 28

Escrevo num caderno velho que achei no meio fio. Vivo também uma vida achada entre as outras que poderia viver. Da mesma forma que ninguém me lê, ninguém me assiste. E isso garante a perpetuação de uma pretensa harmonia universal.
E se o trágico é tão odioso quanto fascinante, por que não disfarça-lo... Assim conferimos algumas raízes pr´aquilo que só tem contigência. Cativar e ser cativado é apenas contruir máscaras, para suportar o insuportável.
Há uma imensa sede que sacio com o sangue dos viandantes que observo, à distância. Deleite triste como essa manhã cinza, e todos os sonhos realizáveis em meditações abstratas e danças à sós, apenas.

четвртак, новембар 25

Vida: Descartes pela manhã, apenas uma certeza crua. Algum rodar, alguma perda, coisa que a gente não vê. Depois, Comer compartilhando sorriso e espera e amizade: profunda, explosiva,linda. Livros, livros, e avontade de te-los. Mais tarde: carinho ganhado:gramatologia de presente.E a pos modernidade e todos os sentidos e nenhum sentido. carinho inesperado, de todos os lados. cervejas e cervejas... tanta coisa. Beleza inesperada. Dança de todos os ritmos.

среда, новембар 24

Vai levando

Caetano Veloso - Chico Buarque
1975

Mesmo com toda a fama
Com toda a brahma
Com toda a cama
Com toda a lama
A gente vai levando
A gente vai levando
A gente vai levando
A gente vai levando essa chama

Mesmo com todo o emblema
Todo o problema
Todo o sistema
Toda Ipanema
A gente vai levando
A gente vai levando
A gente vai levando
A gente vai levando essa gema

Mesmo com o nada feito
Com a sala escura
Com um nó no peito
Com a cara dura
Não tem mais jeito
A gente não tem cura

Mesmo com o todavia
Com todo dia
Com todo ia
Todo não ia
A gente vai levando
A gente vai levando
A gente vai levando
A gente vai levando essa guia

уторак, новембар 23



aline, querida.
de longe, tão perto, um abraço sorridente, explosão de carinho. compartilhamos a casa, como no outro ano, para a festa do encontro. alegrias, minha querida, todas.

понедељак, новембар 22

Fim de ano. Tanta coisa. Tanta chuva.Tanto encontro. Tanto desencontro. Pêndulo oscilante, intermitencia, instabilidade.Falta de tempo. Falta tempo para tantos tempos...Mais um ano. Apenas mais um.Menos um. De 23. Since 1981. Muito tempo ou Pouco tempo.Muito pouco tempo. Muito e pouco tempo.

петак, новембар 19

VISÕES DO TEJO

No alto de Santa Catarina, bem diante da estátua do Gigante Adamastor, Cida La Lampe observa o Tejo e diz: "O Tejo está tão bonito que dá até vontade de namorá-lo".


.: o kafka sumiu em lisboa. deixou rastros no sítio, no site.

среда, новембар 17

escuto novos baianos.
em portugal faz frio com sol. semana que vem, grau zero. hoje digo no trabalho que só fico por lá até o fim do mês. depois tem as provas finais do semestre, umas mil. tento fazer.
depois vou morar em avião. morar no ar, mor ar.
continuo escutando novos baianos.
de repente, um sentimento intenso diferente. hora de voltar. vamos por caminhos tortos, melhor ir pela curva. e chegar. voltar devagar. e abraçar. amar.

уторак, новембар 16

From the ice-age to the dole-age
There is but one concern
and I have just discovered:

Some girls are bigger than others
Some girls are bigger than others
Some girl's mothers are bigger than
Other girl's mothers
Some girls are bigger than others
Some girls are bigger than others
Some girl's mothers are bigger than
Other girl's mothers

As Anthony said to Cleopatra
As he opened a crate of ale (Oh, I say):

Some girls are bigger than others
Some girls are bigger than others
Some girl's mothers are bigger than
Other girl's mothers
Some girls are bigger than others
Some girls are bigger than others
Some girl's mothers are bigger than
Other girl's mothers

(Send me the pillow...
The one that you dream on...
Send me the pillow...
The one that you dream on...
And I'll send you mine.)

(Morrisey)
Nu, tímido, selvagem se ocultava
O troglodita nas cavernas;
O nômade nos campos pervagava
A devastá-los sem cessar;
O caçador com sua lança e flechas.
Terrível, as florestas percorria;
Desgraça para os náufragos lançados
Pelas ondas naquela praia inóspita.
Das alturas do Olimpo, Ceres
Desce, à procura de Prosérpina,
Ao seu amor arrebatada;
A seus olhos o mundo é todo horror.
Nenhum asilo, nem mesmo oferendas
À deusa são apresentadas.
Aqui não se conhece culto aos deuses,
Nem templos há para adorá-los.
Os frutos do pomar, as uvas doces
Não alegram nenhum festim;
Só os restos das vítimas fumegam
Sobre as aras ensangüentadas.
E em vão de Ceres vaga o triste olhar;
Por toda parte avista o homem
Numa profunda humilhação.

(Dmítri Fiódorovitch)

понедељак, новембар 15

недеља, новембар 14

A noite de ontem me reservou o raro prazer de beber com uma mulher que me olhava nos olhos. Completamente despida. Despudorada, e quase vulgar na defesa infantil de seus valores insensatos. Algumas doses e ela me entreteram por toda uma madrugada.Tantos amores e amantes...
Pessoas cheias de verdades e lógicas carregam uma ingenuidade fresca. A deixei em casa, e ela me deixou um gosto agri-doce nos lábios.


MASCARADA


Você me conhece?
(Frase dos mascarados de antigamente)


- Você me conhece?
- Não conheço não.
- Ah, como fui bela!
Tive grandes olhos,
que a paixão dos homens
(estranha paixão!)
Fazia maiores...
Fazia infinitos.
Diz: não me conheces?
- Não conheço não.


- Se eu falava, um mundo
Irreal se abria
à tua visão!
Tu não me escutavas:
Perdido ficavas
Na noite sem fundo
Do que eu te dizia...
Era a minha fala
Canto e persuasão...
Pois não me conheces?
- Não conheço não.
- Choraste em meus braços
- Não me lembro não.


- Por mim quantas vezes
O sono perdeste
E ciúmes atrozes
Te despedaçaram!


Por mim quantas vezes
Quase tu mataste,
Quase te mataste,
Quase te mataram!
Agora me fitas
E não me conheces?


- Não conheço não.
Conheço que a vida
É sonho, ilusão.
Conheço que a vida,
A vida é traição.


Manuel Bandeira
Negocio, eu e os outros, alguns pontos ( odiamos,todos, os domingos:poucas coisas são tão detestáveis, afinal). Clarice Lispector é a tangência. Vejamos:

-Se tudo existe é porque sou. Mas por que esse mal estar? É porque não estou vivendo do único modo que existe para cada um de se viver e nem sei qual é. Desconfortável. Não me sinto bem. Não sei o que é que há. Mas alguma coisa está errada e dá mal estar. No entanto estou sendo franca e meu jogo é limpo. Abro o jogo. Só não conto os fatos de minha vida: sou secreta por natureza. O que há então? Só sei que não quero a impostura. Recuso-me. Eu me aprofundei mas não acredito em mim porque meu pensamento é inventado.

-Não quero ter a terrível limitação de quem vive apenas do que é passível de fazer sentido. Eu não: Quero é uma verdade inventada.

-Não entendo. Isso é tão vasto que ultrapassa qualquer entender. Entender é sempre limitado. Mas não entender pode não ter fronteiras. Sinto que sou muito mais completa quando não entendo. Não entender, do modo como falo, é um dom. Não entender, mas não como um simples de espírito. O bom é ser inteligente e não entender. É uma benção estranha, como ter loucura sem ser doida. É um desinteresse manso, é uma doçura de burrice. Só que de vez em quando vem a inquietação: quero entender um pouco. Não demais: mas pelo menos entender que não entendo.

-Flores envenenadas na jarra. Roxas azuis, encarnadas, atapetam o ar. Que riqueza de hospital. Nunca vi mais belas e mais perigosas. É assim então o teu segredo. Teu segredo é tão parecido contigo que nada me revela além do que já sei. E sei tão pouco como se o teu enigma fosse eu. Assim como tu és o meu.

четвртак, новембар 11

среда, новембар 10

como é que coloca imagem?
como é que faz com saudade?

Não sou deus. Apenas tenho uma pretensão à divindade. Escapo, com alguma destreza, a todo engajamentoe ultrapasso o outro enquanto toda situação. Antes que um objeto me roube o mundo, Atravesso o outro e armo uma fuga invisível de todo universo para mim. Provoco um deslizamento, melhor dito, o mundo parece que tem um escoadouro para o meio do meu ser, e esse liquido, ambíguo, escorre perpetuamente para dentro de mim, através desse orifício. Todo o outro, ainda que isso provoque-me um profundo fastío,deve ser vivido por mim para estar em meus olhos. Meu corpo, se movimento, é movimento em direção ao mundo e o mundo é um ponto de apoio, (débil) para meu corpo.
Ah...que se delineia no horizonte que vivencio...Um enorme teatro de bizarrices, circo de vários palcos, espetáculo do grotesco e absurdo sem-fim...
Efetivo é apenas o meu olhar para o mundo, porque senão, os olhares se quebrariam ao se cruzar.

недеља, новембар 7

Não mais escrevo poesias
Agora sou ser do mundo
Risível, descartável, opcionalmente odiavel

Redundante papagaio

Terei de sofrer mais para saber o sofrimento que tenho
De viver mais para ser o que nunca quis

Ridicularizando-me nego qualquer possibilidade de progressão
Satisfaço-me em ser pequeno
Minha única função é definhar
E provar que meus sonhos são merda suja e delirante

Onde está o amor que tive?

Certamente no mesmo lugar do amor que tenho
Não há amor além do egoísmo
Não há porco maior que o enlameado de sonhos

Faço sofrer e tenho prazer
Torpe foi alguma esperança de ser homem

Estava certo o da mansargada
Nunca deixei de ser o eu pequeno
Que se embriagou de poeta
Que se elogiou de poesia

Antes não tê-la tido
Antes não ter esperança de volta
Antes ter sempre estado limpo

Mas agora não dá

É hora do lamento
Do saborear a amargura
De ser o feio
O burro

Saborear toda dor como real
E saber que nem mesmo a dor é real

Não há futuro em mim
Nem passado que me caiba

O outro é eterno inútil
Caco ridículo de um espelho sem imagem

Nada existe cheio

Abdico da poesia
Para de espontânea vontade
Ser o que nunca quis

Que eu deixe ódio
Sabendo que nem ele perdurará mais que um pensamento
...( a vida é uma sequencia de páginas, escrever-ler, impulso insaciável, pouco consistente por que intrépido, salta de linha em linha, dançando, assoviando, cantarolando. Cada letra alarga ranhuras e intertíscios, embebidos na boa e gelada cerveja, esfumaçado pelo clássico imperdível e amado ns cigarros, que alivia alimenta as angústias e ilusões de uma gente que se perde na margem do meio e em todas as outras margens da academia. )
e então
SOLENEMENTE SURRUPIADO E DEVIDAMENTE APROPRIADO...apresento:

O INCÊNDIO VESPERTINO NAS PISCINAS DOS SUBÚRBIOS

Quando lecionava escrita criativa na Iowa University, John Cheever propunha três exercícios a seus alunos:

1] A escritura de um diário por ao menos uma semana, um diário onde aparecesse tudo: sentimentos, sonhos, orgasmos, todo tipo de sensações, desde as mais íntimas até a descrição da cor de garrafas vazias ou prestes a serem entornadas;

2 ] O segundo passo consistia na composição dum conto onde sete personagens ou paisagens que aparentemente não tivessem nada a ver surgissem inevitável e profundamente relacionados entre si;

3 ] O terceiro passo -- e esta era a sua lição favorita -- era redigir uma carta de amor como se estivesse escrevendo num edifício em chamas -- "Um exercício que nunca falha", dizia.

por Joca Reiners Terron, e
depois, de um dos emissários do qual esqueci de olhar o nome...

петак, новембар 5

carta do brasil. aline. letra da bia. postal, portal para congonhas, para minas, para a prova dos nove da alegria. carta da aline. euforia em lilás, carinho na letra.
obrigada, queridas, amo vocês.
????

olha isso!

http://br.news.yahoo.com/041103/5/oowg.html


среда, новембар 3

Sei que ando desnorteada. Eu me percebo, apesar de tudo.
Tão cinza, por vezes, tão pálida.
outras, tons dramáticos, púrpuras em várias nuances.
A minha sombra, tons pastéis.
Ao meio dia, amarelo outro.
Ao entardecer,
rosa-chá.
cair da noite: verde-hortelã.
Domingos a noite
um azul profundo, inabitável.
( um dia ainda perco o medo e começo a me pintar)

Todos os dias travo debates banais e insuportavelmente imperdíveis.
Tudo é um estar só. Um tropeço.
são sorrisos de olhos.
Aquele "beijo" que não veio.
(récuo da trama).

уторак, новембар 2

Ângulo

Aonde irei neste sem-fim perdido,
Neste mar oco de certezas mortas? -
Fingidas, afinal, todas as portas
Que no dique julguei ter construído...Chegaram à baía os galeões
Com as sete Princesas que morreram.
Regatas de luar não se correram...
As bandeiras velaram-se, orações...

Detive-me na ponte, debruçado,
Mas a ponte era falsa - e derradeira.
Segui no cais. O cais era abaulado,
Cais fingido sem mar à sua beira...

- Por sobre o que Eu não sou há grandes pontes
Que um outro, só metade, quer passar
Em miragens de falsos horizontes -
Um outro que eu não posso acorrentar...

Mário de Sá Carneiro