недеља, новембар 14

A noite de ontem me reservou o raro prazer de beber com uma mulher que me olhava nos olhos. Completamente despida. Despudorada, e quase vulgar na defesa infantil de seus valores insensatos. Algumas doses e ela me entreteram por toda uma madrugada.Tantos amores e amantes...
Pessoas cheias de verdades e lógicas carregam uma ingenuidade fresca. A deixei em casa, e ela me deixou um gosto agri-doce nos lábios.


MASCARADA


Você me conhece?
(Frase dos mascarados de antigamente)


- Você me conhece?
- Não conheço não.
- Ah, como fui bela!
Tive grandes olhos,
que a paixão dos homens
(estranha paixão!)
Fazia maiores...
Fazia infinitos.
Diz: não me conheces?
- Não conheço não.


- Se eu falava, um mundo
Irreal se abria
à tua visão!
Tu não me escutavas:
Perdido ficavas
Na noite sem fundo
Do que eu te dizia...
Era a minha fala
Canto e persuasão...
Pois não me conheces?
- Não conheço não.
- Choraste em meus braços
- Não me lembro não.


- Por mim quantas vezes
O sono perdeste
E ciúmes atrozes
Te despedaçaram!


Por mim quantas vezes
Quase tu mataste,
Quase te mataste,
Quase te mataram!
Agora me fitas
E não me conheces?


- Não conheço não.
Conheço que a vida
É sonho, ilusão.
Conheço que a vida,
A vida é traição.


Manuel Bandeira

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