понедељак, мај 31

Mais do mesmo, que andava sumido
entretanto, imperativo, retorna
iconoclasta.


Sentir tudo de todas as maneiras,
ter todas as opiniões,
ser sincero contradizendo-se a cada minuto,
desagradar a si prórpio´pela plena liberalidade de espírito,
E amar as coisas como um Deus
Eu que sou mais irmão de uma árvore que de um operário.
Eu que sinto mais a dor suposta do mar ao bater na praia
Que a dor real das crianças em que batem
(Ah, como isto deve ser falso, pobres crianças em que batem -
E por que é que as minhas sensações se revezam tão depressa...)
Eu, enfim, que sou um dialogo contínuo,
um falar-alto incompreensível, alta-noite na torre,
Quando os sinos oscilam vagamente sem que mão lhes toque
E faz pena saber que há vida que viver amanhã.
Eu, enfim, literalmente eu.
E eu metaforicamente também.
Eu, o poeta sensacionista, enviado do Acaso,
às leis irreprensíveis da Vida,
Eu, o fumador de cigarros por profissão adequada,
O indivíduo que fuma ópio, que toma absinto, mas que , enfim,
prefere pensar em fumar ópio a fuma-lo
E acha mais seu olhar para o absinto a beber que bebe-lo...
Eu, este degenerado superior sem arquivos na alma,
Sem personalidade com valor declarado,
Eu, o investigador solene das coisas fúteis,
Que era capaz de ir viver na sibéria só por embirrar com isso,
E que acho que não faz mal não ligar importância a pátria
Por que não tenho raiz, como uma árvore, e portanto, não tenho
raiz...
Alvaro de Campos


недеља, мај 30

" Somos a diferença ( ...) nossa razão é a diferença dos discursos, nossa história é a diferenças das épocas, nossos "eus" são a diferenças das máscaras. Essa diferença, longe de ser a origem esquecida e recuperável, é essa dispersão que somos e fazemos".

Foucault
aline
bia
carol

on line

na cantina, sorvete de muitos sabores, a bia veste lilas.
aline!
aline!


bia

on line

carol

Pulsar

Caetano Veloso e Augusto de Campos)

Onde quer que você esteja

Em Marte ou Eldorado

Abra a janela e veja

O pulsar quase mudo

Abraço de anos-luz

Que nenhum sol aquece

E o oco escuro esquece
ando em silencio. as palavras me espiam da pagina, escorregam no branco e fazem cocegas na pele. a intensidade se desdobra em outros acontecimentos de escrita, outras letras, outros sons.

continuo a dançar, na sala branca da cidade eterna.


Dá-me a tua mão:
Vou agora te contar
como entrei no inexpressivo
que sempre foi a minha busca cega e secreta.
De como entrei
naquilo que existe entre o número um e o número dois,
de como vi a linha de mistério e fogo,
e que é linha sub-reptícia.

Entre duas notas de música existe uma nota,
entre dois fatos existe um fato,
entre dois grãos de areia por mais juntos que estejam
existe um intervalo de espaço,
existe um sentir que é entre o sentir
- nos interstícios da matéria primordial
está a linha de mistério e fogo
que é a respiração do mundo,
e a respiração contínua do mundo
é aquilo que ouvimos
e chamamos de silêncio.



Clarice lispector e Antonio Damazio
Chega mais perto e contempla as palavras.
Cada uma
tem mil faces secretas sob a face neutra
e te pergunta, sem interesse pela resposta,
pobre ou terrível, que lhe deres:
Trouxeste a chave?


Tenho andado de um lado a outro. Provisória. A desorganização habitual paira sobre órbitas descentradas, amarelas, esvoaçadas. Deslocamento de paixão. Paixões voluptuosas:vivas, sonoras, acentuadas, obscuras, refundidas;Em que baile ei de dançar...estou no liame, no limite, no fio. Estou sobretudo cansada e bêbada.
Vou ao Rio... Há um feriado.
Em um telefonema meu amigo me informa que não faço história, mas metaficção historiografica. Diabolicamente ele previa que isso desencaderia em mim uma vontade absurda de vê-lo e beija-lo.
Tenho saudade. Uma puta saudade.
Apetece-me (...): Rio de Janeiro.
Vou para dentro. Já é tarde. Por mais estranho que seja, algo me espera. Espero também.

Olhei a manhã fria de hoje e tudo me pareceu em paz.
Há um lugar onde todos cabem e este se chama indiferença: cemitério, caso prefiram.
Lá todos podem se sentir irmãos.

Todo humanismo é uma falta de ser humano.
Ser inacessível é uma diferença e uma covardia.
Usar o verbo ser no presente é ver o mundo através de espelhos.

Tenho uma cabeça que doi, um corpo estúpido. Estou preso em uma jaula feita do aço das armas que construí para me libertar: a liberdade não existe.

Toda sobriedade mascara.

субота, мај 29

Frente aos últimos acontecimentos:
preguiça e quase cansaço.
Não vou me reprimir. Já me bastam as repressões estruturalizantes e inescapáveis.




A tonga da mironga do kabuletê

(Vinícius de Moraes / Toquinho)
(1971)
Eu caio de bossa
Eu sou quem eu sou
Eu saio da fossa
Xingando em nagô

Você que ouve e não fala
Você que olha e não vê
Eu vou lhe dar uma pala
Você vai ter que aprender
A tonga da mironga do kabuletê
A tonga da mironga do kabuletê
A tonga da mironga do kabuletê

Eu caio de bossa
Eu sou quem eu sou
Eu saio da fossa
Xingando em nagô

Você que lê e não sabe
Você que reza e não crê
Você que entra e não cabe
Você vai ter que viver
Na tonga da mironga do kabuletê
Na tonga da mironga do kabuletê
Na tonga da mironga do kabuletê

Você que fuma e não traga
E que não paga pra ver
Vou lhe rogar uma praga
Eu vou é mandar você
Pra tonga da mironga do kabuletê
Pra tonga da mironga do kabuletê
Pra tonga da mironga do kabuletê
Pulverizada, sentou-se ao lado do senhor sem rosto e ficou a observar a vida: todos passeavam, corriam, conversavam, sorriam ou brigavam alheios a sua existência. Por algum momento isso lhe tranquilizou. Não, não era necessário estar aqui. Podia simplesmente levar a vida a ver a vida, e tudo seria calmo e tranqüilo em seu coração. Escrever seria então uma descrição apaziguada da existências nas existências.
Por que fazer da vida mais do que é De onde ânsia de engolir e vomitar, de morrer e de matarPor que escrever nunca supria e o suplemento mesmo se tornou vício De alguma forma percebeu que não podia apenas ver vivências e narra-las a si, era torna-las para si.
Ao olhar para fora, que já estava dentro: quem será que não consegue o outro, quem o elimina A pergunta desabou em uma superfície tão profunda que nunca mais foi vista. Sedimentada imagem entretanto é visitada cotidianamente. Como um ritual.

петак, мај 28

"Na primeira noite
Eles se aproximam
E colhem uma flor
Do nosso jardim
E não dizemos nada
Na segunda noite
Já não se escondem
Pisam as flores
Matam nosso cão
E não dizemos nada
Até que um dia
O mais frágil deles
Rouba-nos a lua e,
Conhecendo o nosso medo,
Arranca-nos a voz da garganta
E porque não dissemos nada
Já não podemos dizer mais nada".
bush anuncia sua chegada na cidade do amor. E como bem disse o outro," o capitalismo e incompativel com o amor". Assim, pensamos ser nosso dever expulsa-lo. Digamos que nao e muito facil expulsar alguem que nao diz onde chega e nem a que hora pousa seu aviao blindado em algum dos aeroportos daqui. Mas contamos com um exercito civil que se dividira nos pontos possiveis para lembrar ao lider do cazzo do american way of life que aqui nao e o seu lugar. Cartazes, vozes, sorrisos anunciam seu combate aos fuzis, escudos e capacetes que se fincam nas nossas esquinas.

salve jorge.


noticias:

- amor = roma, praga, barcelona, lisboa? roma, viena, paris, lisboa? o mundo todo, sim, o mundo todo.

- meu passaporte ficou pronto! identidade burocratica concretizada! quase nao acredito no papelzinho que agora esta na minha carteira e que significa que posso andar e voltar, ai, andar!

- ontem pensamos 37 palavras começadas com d.
três

Mosquitos de banheiro realmente nascem das cinzas. Eu mesmo outro dia quando batia cinzas defecando vi surgir tempos depois um mosquito de banheiro. Eles nascem mais acinzentados e depois se tornam pretos.
digo cinza assim da cor dos meus pensamentos. que quando estão sobre fundo preto ficam brancos. e quando estão sobre fundo branco ficam negros.
a perspectiva é algo estranho: distorce os próprios pensamentos de onde sairam...logo, não pensava mais cinza, mais em torno o arco de possibilidades que saltavam a minha frente naquele momento tão substanciosos.
o mosquito voa , ousada e despreocupadamente pousa em meu enorme e megero dedo do pé. Um mosquito negro em um pé rosa na parede branca. Estaria o mosquito pronto para enfrentar deus, digo eu?
ou melhor, estaria deus, digo a brasa o mosquito o azulejo o pé o rosa do pé o branco da parede o megero do dedo pronto para enfrentar a constatação de si mesmo?
não... creio que não... como toda benevolência esta também tinha um pouco de covardia.
então apagou o cigarro e deu descarga em seus pensamentos.
e enquanto eu descia pelo ralo constatei. mosquitos de banheiro surgem.
E então. Era tão somente isto a vida: surgir


ao que se pode surgir a muitas mãos...

четвртак, мај 27

Carol: villalta manda abraços saudosos e queridos pra ti...
Bia: para o dia de horas paradas, nada enfadonhas. Prazer intenso em sua companhia.
Carol: que me leva a roma em minutos eufóricos e lindos.
Bruno: se todos pudessem sinceridade e dislexia...

Passa uma borboleta por diante de mim
E pela primeira vez no Universo eu reparo
Que as borboletas não têm cor nem movimento,
Assim como as flores não têm perfume nem cor.
A cor é que tem cor nas asas da borboleta,
No movimento da borboleta o movimento é que se move,
O perfume é que tem perfume no perfume da flor.
A borboleta é apenas borboleta
E a flor é apenas flor.


Alberto Caeiro
A vida roda.
A vida vida.
Quantas vidas vivo num dia...
Amores e ódios, repentinos, intensos, instantes. Tenho tido um milhão de rostos por dia.Piro a piração da bia,belo conflito entre vontade e necessidade ; vou a roma desorientada com a carol mais amante e amada que nunca, expansão efetiva afetiva; encontro o significado da sinceridade sensível nos desencontros de uma vida regada a paixão e poesia com o Bruno Vorcaro; encontro prazer de espírito e alma com amores distintos quase irrealizáveis mas efetivos-sensação. Vivo a angústia feliz da escrevinhação primeira. E mais, mais mais mais...tudo que palavras não dão conta, tudo aquilo que etá sendo de outro jeito, todas as dissidências, todos os absurdos, todos os olhares, gestos poros bocas corpos dançando em sua unicidade a mesma música silênciosa e presente, presente-ausente.Transbordando a si mesmo no outro.Sendo de outro jeito para ser a si mesmo. Nada é. tudo está acontecendo.

среда, мај 26

Acordo e vejo ao longe. As certezas dissolvidas enfeitam minhas lembranças como brevidades mal resolvidas. Procuro inutilmente sensações, mas nada resta em minhas memórias a não ser cansaço. Amo a mulher que está a meu lado(?): não a reconheço. Não vejo em seus olhos mais vida do que numa pedra. Os dias dos anos que vivi são exageradamente iguais, repetições estúpidas de problemas imaginários. Onde em minha história estão as festas, as lágrimas, os sorrisos, os abraços? Vida sem poesia. Não fui capaz de viver meus amigos, não fui capaz de compartilhar porres, não fiz ninguém triste ou feliz por um instante sequer. As lamúrias de um velho novo estederiam-se pela madrugada, se eu não tivesse ensurdecido todos que chegaram até mim. Viver assim é desperdício?

уторак, мај 25

Pares


O sonho de todo par
é ser um par ímpar


Costa Ávila

понедељак, мај 24

Sinal Fechado
(Paulinho da Viola)


Tom: Em
Em9 Em5+/9
Olα, como vai
Em6/9
Eu vou indo e vocκ tudo bem
D#° Em5+
Tudo bem eu vou indo

Correndo pegar meu lugar

No futuro e vocκ
F#m5-/7
Tudo bem eu vou indo

Em busca de um sono tranquilo
G/B
Quem Sabe
Gm/Bb F#7
Quanto tempo, pois ι quanto tempo
F#m5-/7 B7/9- Em9
Me perdoe a pressa
C7+
Ι a alma dos nossos negσcios
G
Qual, nγo tem de que
Em6/9 F#m5-/7
Eu tambιm sσ ando a cem

Quando ι que vocκ telefona
C/G
Precisamos nos ver por aν
Am/C
Pra semana prometo talvez nos vejamos
F#m5-/7 B7/9-
Quem sabe
C#m5-/7
Quanto tempo pois ι
F#7 F#m5-/7 B7/9-
Quanto tempo
Em5+/9
Tanta coisa que eu tinha a dizer
F#m5-/7
Mas eu sumi na poeira das ruas
C/G
Eu tambιm tenho algo a dizer
Am9
Mas me foge ΰ lembranηa
F#m5-/7
Por favor telefone eu preciso saber
C/G
Alguma coisa rapidamente
F#m5-/7
Pra semana, o sinal
C/G
Eu procuro a vocκ, vai abrir, vai abrir
F#m5-/7
Eu prometo nγo esqueηo
C/G
For favor nγo esqueηa, nγo esqueηa

Nγo esqueηa
F#m5-/7 C/G F#m5-/7 Em9
Adeus
As buzinas do sinal impedem-no do beijo, o que não altera seu humor por si, no entanto levam-no a constatação do desgosto acumulado na dita pós-modernidade. Não teriam visto os motoristas, instantes antes das buzinas, a confluência sucinta dos seres. Não perceberiam quantos acasos destinaram-se aos dois para a realização do momento?
Caso o menino, agora rapaz, houvesse preferido o vídeo game a bicicleta, seria hoje outro. Idem a menina agora moça, houvesse tido escolha sobre suas escolas. Idem qualquer coisa, ato, companhia, palmada, idem, idem...
Aos buzineiros mais céticos, surdos a metafísica, pergunto se também estariam cegos.
O beijo não toca mais a íris. O tempo é da buzina, não do beijo. Se alguém quiser beijar, faça-o com seu tempo, não com o do mundo.
O rapaz morreu a noite. Instantaneamente. Corria com o carro como se fosse bicicleta.

eu queria te contar daquilo que a placa diz que chama roma mas que na verdade e outra coisa que e grande demais e nao cabe no blog e entao vou chamar de caramelo que e o que eu penso e entao chamo de luz o que nao e nem o que e nem o que penso mas o que eu acho que escrevo,que tb nao e o que escrevo e nem o que o olho entende. enfim.

tudo, no fim, e distancia.

e presença.


iufjciurfoi
Dois balões ao chão da festa apaixonam-se perdidamente. Tamanha é a paixão que o ar de seus corpos aquece a ponto de alçarem vôo, permitindo a ambos uma extraordinária fuga pela janela entre intenções assassinas de crianças presentes a cena.
Ao ar livre ambos sobem ainda mais em conjunto. A certa altura quando tudo parecia mágico um forte vento os tenta separar com seu frio ar. Automaticamente ambos entrelaçam suas curtas cordas um no outro a fim de evitar que se separem.
O entrelaçamento funciona durante algum tempo, mas quando a altura de vôo estabilizou-se ambos se viram impelidos a diferentes rumos. O ar de seus corpos não mais agita suas moléculas a ponto de aquece-los. Ambos distraem-se, desfazendo o laço.
A balão procura pela lua e deslumbrada tenta alcança-la. No caminho conhece um balão de São João com muito fogo por dentro, subindo, subindo, subindo. Pensou em seguir com ele, mas quando mais se aproximava mais o São balão de subia.
O balão se confundiu com as luzes da cidade. Pensou que as luzes fossem balões anjos, iluminados por pela presença uns dos outros. Chegou até a descer um pouco, havia passado por correntes frias propicias a estagnação molecular.
O Balão de São João cai na floresta incendiando uma grande quantidade de árvores cantoras e animais dançarinos. As luzes da cidade se enfraqueciam à medida que o dia clareava até se apagarem.
Uma brisa sopra leve levando inconseqüentemente os balões novamente de encontro um do outro. Se tocam. Se sentem. Se tivessem bocas sorririam. Aquecem-se novamente subindo as alturas. Novamente entrelaçam suas cordas e novamente se distraem.
Distraídos rumam ao chão pensando ser o céu. Caidos são encontrados por crianças carentes que os pisoteiam. Liberados de seus invólucros sobem leves e sem laços como um só, descobrindo o que é o amor.
Esquadros


Eu ando pelo mundo
Prestando atenção em cores
Que não sei o nome
Cores de Almodovar
Cores de Frida Kahl
Cores

Passeio pelo escuro
Eu presto muita atenção
No que meu irmão ouve
E como uma segunda pele
Um calo uma casca
Uma cápsula protetora
Ai eu quero chegar antes
Pra sinalizar
O estado de cada coisa
Filtrar os seus graus

Eu ando pelo mundo divertindo gente
Chorando ao telefone
E vendo doer a fome
Nos meninos que tem fome

Pela janela do quarto
Pela janela do carro
Pela tela
Pela janela
Quem é ela?
Quem é ela?
Eu vejo tudo enquadrado
Remoto controle

Eu ando pelo mundo
E meus amigos cadê?
Minha alegria
Meu cansaço
Meu amor
Cadê você
Eu acordei
Não tem ninguém
Ao lado

Epígrafe


Sou bem-nascido. Menino,

Fui, como os demais, feliz.

Depois, veio o mau destino

E fez de mim o que quis.

Veio o mau gênio da vida,

Rompeu em meu coração,

Levou tudo de vencida,

Rugia e como um furacão,

Turbou, partiu, abateu,

Queimou sem razão nem dó -

Ah, que dor!

Magoado e só,

- Só! - meu coração ardeu:

Ardeu em gritos dementes

Na sua paixão sombria...

E dessas horas ardentes

Ficou esta cinza fria.

- Esta pouca cinza fria.

Manuel Bandeira
Um domingo. Todos os domingos.
Ir ao mercado. Tomar uma cerveja. Cumprimento ao longe pessoas.
converso com algumas. Coisas inúteis. Não sinto leveza nisso. O nada pesa.
Passo o dia como passo a vida.
A noite, leio este blog como li o jornal. Percebo as mudanças. Não faz diferença.

недеља, мај 23

Entrelaçar...
No íntimo o olhar enlaça, desvenda e disfarça.
Transbordar é inventar fusões com o outro. Rasga-se todo, no querer se dar, no querer ser outro, para ser todo de todas as formas.
Potência de feitiço, pura sedução. Ela destrói-cria. Por que fascínio, acolhe. Dissidência perturbadora, incessante, que nos provoca com a antecipação do novo; atenta com o gosto do ainda não provado.
chama atenção para o outro trajeto, para a fenda não vista, a nuança escondida. O grito carrega a ambiguidade de abrir e fechar caminhos. A decisão é dubia: de quem parte; a quem chega. Aquele com um berro fecha a porta não é menos legítimo do que aquele que com um sussuro indica uma Possível janela: só é menos sublime. A embriaguês do entrelaçar é encantar o mundo, com excessividade e despreendimento. Acusar de alguma forma é acuar, tornar menor. Reduzir, fugir, esconder-se.
O única coisa a se temer no delicioso trajeto-vida do nada a lugar nenhum é não ser digno da confiança das demais singularidades errantes. Afasta-las signfica condenar-se ao inferno do mesmo.

... transbordo-me em vocês para que nunca possa estar só eu.
Taí Bruno Vorcaro;
Tosco quase sem querer...
o blog agora interage
permite comentar: atacar e acariciar.
No limite entre um e outro se desenhamos uma amizade!
domingo em roma:

um pote de nutela
cafe a cada meia hora (feito na moca, delicia)
iraque e bomba na republica de papel
cantina no msn
cinema mais tarde... de tardinha. um passeio de moto.
saudade, agora, sempre. tanta...
bianco, bianca. minha casa e toda branca, bianca.

o blog tb?

tudo bem. a gente pinta.
Aline on line
Bia on line
Carol on line:
Cantina virtual!
Saudades, café, vicissitudes, carinho, intensidades: instantes que irrompem no intervalo com a leveza e completude de um sorriso!
bia

carol

aline

on

line

fio?

tecido?

assovio?

na china?

riririri
onde e que ha gente no mundo?

pessoa
( estou em um cafe de um chines em roma. ??????? todo mundo falando aquela lingua esquisita, nao entendo nada!)
"Viver é a coisa mais rara do mundo. A maioria das pessoas apenas existe." (Oscar Wilde)
roma chove, chora.

o sol escondeu. foi brilhar no brasil?

beija-me.
embriaga-te.


carol a line!
abraço, enlaço, braço.
corpo: estrelas dançantes fazem cosquinha na barriga, rasgam a garganta e explodem na boca em forma de arco-iris.




Quantas injustiças podem ser esquecidas no abraço de um
amigo. A amizade é o mais perfeito dos sentimentos
porque é livre...
Carol: todos abraços do mundo pra ti....
Rousseau










" É necessário haver um caos dentro de si para
dar a luz a uma estrela que dança."

Nietzsche

субота, мај 22

Poucos podem entender o desespero de uma alma ressequida: clarão fugitivo a beira do nada.
A indiferença com que percebo é uma objetividade que distorce: pois torna frio o que é paixão.Torna seco o que é orgasmo. Descarta o elogio.
Minha serenidade é fruto da domesticação completa dos instintos, que me levaram os anos...minha paz é resultado da inércia, e meu sorriso da falta de esperança.
Amo quando e somente o que é menos expressivo do que sou. Ou então o intocável.
A minha vaidade não permitiria amar a errância. Me resigno, neste fim de sábado, à densidade do ar que pesa meus ombros, não como a mão de uma criança, mas como peso dos amigos que perdi e perco sem ser capaz de sentir, nem alívio, por isso.
A Arte de Ser Feliz

Houve um tempo em que minha janela se abria
sobre uma cidade que parecia ser feita de giz.
Perto da janela havia um pequeno jardim quase seco.

Era uma época de estiagem, de terra esfarelada, e o jardim parecia morto.
Mas todas as manhãs vinha um pobre com um balde, e, em silêncio,
ia atirando com a mão umas gotas de água sobre as plantas.
Não era uma rega: era uma espécie de aspersão ritual, para que o jardim não morresse.
E eu olhava para as plantas, para o homem,
para as gotas de água que caíam de seus dedos magros
e meu coração ficava completamente feliz.

Às vezes abro a janela e encontro o jasmineiro em flor.
Outras vezes encontro nuvens espessas.
Avisto crianças que vão para a escola.
Pardais que pulam pelo muro.
Gatos que abrem e fecham os olhos, sonhando com pardais.
Borboletas brancas, duas a duas, como refletidas no espelho do ar.
Marimbondos que sempre me parecem personagens de Lope de Vega.
Às vezes, um galo canta.
Às vezes, um avião passa.
Tudo está certo, no seu lugar, cumprindo o seu destino.
E eu me sinto completamente feliz.

Mas, quando falo dessas pequenas felicidades certas,
que estão diante de cada janela,
uns dizem que essas coisas não existem,
outros que só existem diante das minhas janelas, e outros, finalmente,
que é preciso aprender a olhar, para poder vê-las assim.

cécília meireles
Nem sei por onde começar...
sexta percebi que posso ser tudo, inclusive professora.
A primeira sala de aula foi algo emocionante, indescritível. O olhar deles a espera, o olhar arguto me questionando, decodificando meu corpo, minhas ações...tudo ao meu redor, e eu ao redor de todos. Ahh...delícias antes insuspeitadas, quase recusadas.
E na quinta, levei um suspiro de novidade a alguém que acha que já viu de tudo, e me descobri com um texto encenação de mim, vi na minha escrita a potencialidade da percepção vivificada: da minha percepção vivificada...Na quarta, deixei meu coração se partir... Está certo que ele está mais para uma geléia do que para uma taça de cristal, mas inda assim ele se partiu. A aventura de sentir entranha e corrompe, distorce: Alegre e leve!



onde???


onde vim parar??
blog de todas as palavras, poesia de todas as maneiras.

sei que vcs estao aqui, mas as vezes incomoda so ver essas letrinhas dispersas na tela
fria do computador. onde estao os braços a braços?

"O boca da fonte, boca generosa dizendo inesgotavelmente a mesma agua..."

Rilke, Sonetos a Orfeu, II, 15)

четвртак, мај 20

Assaltado de algum lugar...

visitem:
http://www.kafka-sumiu.blogspot.com/

medidor de leitores


Leitores de Ontem, Leitores do Ano Passado, Leitores da Rua A, Leitores da Rua B, Leitoras de Olhos Claros, Leitoras de Cachecol, Leitores Pouco Interessantes, Leitores Estratégicos, Leitores Táticos, Leitores Inimigos, Leitores Bajuladores, Leitores Raivosos, Leitores Traidores, Leitores na Patagônia, Leitores de Berlim ou Leitores Insuportáveis.
carol...
Que se esconde nas fendas do olhar que a distÂncia só sustenta enquanto máscara...Eterna bem vinda enquanto vivência. Bem vinda enquanto presença.
Meu convite encontra recusa no enorme medo, que tenho de descobrir a moça que me fugiu, medo da felicidade dela, medo de sentir.
Meu refugio é o refugio de todos: palavras soltas encadeadas de forma convincente: o discurso que não serve a vida, mas se fundamenta numa relação com o externo: sou bem sucedido, é verdade.
Mas quem me pergunta se basta, quem me questiona o obvio...
Sou, por detrás do ocúlos , aquele que se recusou a tomar partido. Aquele que desistiu de julgar. Desistindo, sem saber, de sonhar...Sou quem vê o caminhar inútil. Que perdeu o gozo pela descoberta, pelo novo que talvez nunca seja.
Mas sou, sobretudo, o que deve ser negado. Pois ainda sei que o que há de se saber é sonho, utopia, desvario. Ainda que me encontre preso à redes que me ateêm ao "real". Sei que existo para provar que é necessário o impossível,que é possível o outro, a diferença enquanto encontro, não como desprezo.
Se não para mim, para vocês: a entrega ao convite sem clausulas de segurança, sem acordos prévios. O convite ao infinito, ainda que se configure como um ir à esquina.
Aqui diz que a vida não pode ser breve a ponto de conter a grandiosidade de nossas ilusões.
Ah...
Esta vida desprega peças na gente.
O desafio cotidiano é tirar da raiva o amor,não em dialética mas como possibilidades dadas num mesmo instante. A escolha pela doçura: o conflito não pode causar marcas indeléveis.
Entretanto, há a força. Há uma intensidade inegável, sem valor, sem limite. Se afrontada, quer vasão. Ela quer ser violenta, para não ser hipocrita. Ela quer ser. Multipla e desconexa. Mas quer. Todo tempo, todo instante: poesia e história, amor e explosão.

среда, мај 19

manfredo,

conheci esses dias um moço que se chama como vc.

ele me disse que amava uma moça que escorregou dos seus braços durante um passeio na roda gigante e que passava os dias a procura-la.

mas desconfiava que a moça, junto com o mar, tinham fugido da cidade, para em outro amor pousar.

encontrei-o no livro do rubiao (esses nomes...), o convidado.

um convite?



уторак, мај 18



Vou me embora prá Pasárgada


Vou-me embora prá Pasárgada
Lá sou amigo do rei
Lá tenho a mulher que eu quero
Na cama que escolherei
Vou-me embora prá Pasárgada


Vou-me embora prá Pasárgada
Aqui não sou feliz
Lá a existência é uma aventura
De tal modo inconseqüente
Que Joana a Louca de Espanha
Vem a ser contraparente
Da nora que nunca tive


E como farei ginástica
Andarei de bicicleta
Montarei em burro bravo
Subirei no pau-de-sebo
Tomarei banhos de mar!
E quando estiver cansado
Deito a beira do rio
Mando chamar a mãe-díágua.
Prá me contar histórias
Que no tempo de eu menino
Rosa vinha me contar
Vou-me embora prá Pasárgada


Em Pasárgada tem tudo
É outra civilização
Tem um processo seguro
De impedir a concepção
Tem telefone automático
Tem alcalóides à vontade
Tem prostitutas bonitas
Para gente namorar


E quando eu estiver mais triste
Mas triste de não ter jeito
Quando de noite me der
Vontade de me matar
Lá sou amigo do rei
Terei a mulher que eu quero
Na cama que escolherei
Vou-me embora prá Pasárgada.

понедељак, мај 17

Mais um Neruda:


Saudade

Saudade é solidão acompanhada, é quando o amor ainda não
foi embora, mas o amado já...
Saudade é amar um passado que ainda não passou, é recusar um presente que nos machuca, é não ver o futuro que nos convida...
Saudade é sentir que existe o que não existe mais...
Saudade é o inferno dos que perderam, é a dor dos que ficaram para trás, é o gosto de morte na boca dos que continuam...
Só uma pessoa no mundo deseja sentir saudade:
aquela que nunca amou.
E esse é o maior dos sofrimentos: não ter por quem sentir saudades, passar pela vida e não viver. O maior dos sofrimentos é nunca ter sofrido.


E finda mais um domingo...
Mais uma chave perdida. Nem mistério, nem infinito, somente girassois que esqueceram de acompanhar o sol. há um reflexo ampliado em tudo que me chega. Há exagero em tudo. Não é nada natural: potÊncia de artifício. Quero que tudo para mim seja intenso, profundo, explosivo. Penso míseros desagrados como grandiosos ataques terroristas das lombrigas gigantes, só para me agradar e me divertir um pouco mais...
Potencializar todas as sensações. Sugar delas tudo que for possível, tudo de que for capaz. Conta-las e reconta-las mil e uma vezes: todas diferentes: para viver mil e duas vezes.

недеља, мај 16

entao ta.

marcamos encontro dia desses?

no horario de bagda? de beaga?

todos os beijos....

com quantos quilos de medo se faz uma tradiçao?

(ouvir tom ze em roma e uma experiencia, digamos, pesada)


em roma tem uma igreja protestante (luterana, 42 pessoas) e dois moteis (deu o maior bafafa esses dias porque um queria abrir uma filial, confusao no jornal e tudo). tudo isso porque o jp nao deixa. o imposto para a furnicaçao e impagavel e a pena para a heresia ainda e a fogueira.

Carol,no café da embaixada...
hummm...

roma ta linda sim. anda florida!
aline on line?
sobre livros:

diadorim, diadorim...

augusto de campos balança a bossa

pirotecnias de rubiao.

drummond

hilda



novidades:

-estou trabalhando na exposiçao de cafe da embaixada. tomo cafe como nunca, durmo ainda menos do que sempre. cafeespresso.it? nao sei. no google tem.

-samba em roma, pandeiro e rima.

-projeçoes de arco iris para os proximos dias.

permanencias:

-saudades, saudades, saudades.

e todo o resto, ne?

entao, o chines (nao entendo como ainda tem chines na china. eles habitam o mundo todo!) deixou eu ficar na net por um preço camarada!!
carol online
aline online
carol aline on line...
instante técnico mágico efêmero tigrino
Neologismo



Beijo pouco, falo menos ainda

Mas invento palavras

Que traduzem a ternura mais funda

E mais cotidiana.

Inventei, por exemplo, o verbo teadorar.

Intransitivo :

Teadoro, Teadora


Manuel bandeira
" A partir de um certo ponto não há mais qualquer possibilidade de retorno.É exatamente este ponto que devemos alcançar."
Franz Kafka
Encontrei Aline na Augusto de Lima esta manhã. Ria sozinha. Falou da alegria da amizade, da alegria das singularidades reunidas em um pequeno apartamento do centro de Belo Horizonte. Das diferenças que geram barulho e instalam o caos. Eu, a quem pouco importa as subjetividades, respondi-lhe com os olhos: apenas...
Gargalhou-se Aline por completo: lembrou de um velho (ex)amigo que, assim como eu, é muito inteligente e muito pouco hábil para com a vida. Tanta falta de talento é desmotivante, falou enquanto acendia um cigarro. Contou-me então que só não me achava o ser mais desprezível do mundo por que havia algo ainda mais medíocre, e consequentemente mais risível, do que não se emocionar com a vida: é não ser capaz nem de ter contato com ela.Mesquinhar, com risquinhos e covardia todo o ressentimento de ser pobre e fraco de espírito,reduzindo toda potência de multiplicidade à um sussuro estúpido de corredor. Deu um último trago e um largo sorriso: deve-se, meu caro Manfredo, sentir-se tudo, inclusive o nojo, de todas as maneiras...e foi-se fazer a volta pra casa.
"Sê"

Se não puderes ser um pinheiro, no topo de uma colina,
Sê um arbusto no vale mas sê
O melhor arbusto à margem do regato.
Sê um ramo, se não puderes ser uma árvore.
Se não puderes ser uma ramo, sê um pouco de relva
E dá alegria a algum caminho.

Se não puderes ser uma estrada,
Sê apenas uma senda,
Se não puderes ser o Sol, sê uma estrela.
Não é pelo tamanho que terás êxito ou fracasso...
Mas sê o melhor no que quer que sejas.


Pablo Neruda: pseudônimo de Neftalí Ricardo Reyes Basoalto.

субота, мај 15

Há algum espanto perdido nas falas cotidianas desse fragmento que torno tudo. Mas mesmo isso deve (não) ter sentido. Encontro forças que transfiguram tudo em segredo e tormento. Ainda que doa. Nada deve ter paz, se quiser ter vida. Perto das nuvens arrebatar de intensidades. Cada vez que se levanta o pé, em cada passo, sentir o chão como uma surpresa
: irregularidades perceptíveis por sensibilidades
esfuziantes, cúmplices, irredutíveis, ensandecidas, debochadas, ternas, medrosas, amantes. Incessantemente
Bêbadas
Estar preso por um fio fascinar-se pela leveza da tragédia vida.
( desafio de todos os instantes)
um beijo,
um abraço,
um pedaço de queijo!

amor, amor, amor.
Perguntado a beira do penhasco sobre a possibilidade dos homens voarem respondeu veementemente que não! Um será doce e agudo foi a replica. Momentos depois ele entendeu que homens realmente não podem voar pois não tentam o suficiente e tentou novamente.





num é bia??

петак, мај 14

Tem um coração de jovem, que vive num conto de fadas. Descuidado, zombeteiro, violento. Busca um amor de primavera, em cada sopro se faz vão. Nas fendas, vida incendiada. Torres de Babel. Silêncio traduzido: questionável...portanto questionador. Trançar, tecer: os desenhos do corpo provêm do tecido do mundo. Tem um rascunho fragmentado que jamais será passado a limpo. " cada imagem é por si um sonho".
Jou Jou Balagandans

(Lamartine Babo)


Jou Jou, Jou Jou

Que é meu Balagandan

Aqui estou eu

Aí estás tu

Minha Jou Joo

Meu Balagandan

Nós dois depois no sol do amor de manhã

De braços dados, dois namorados

Já sei

Jou Jou

Balagandan

Seja em Paris ou nos Brasis

Mesmo distantes somos constantes

Tudo nos une, que coisa rara

É o amor, nada nos separa
Bossa em Roma! E aqui. Amores dançantes, dançados.Olhares e conquistas. Risos. Tudo é festa nesta grande tela teia vida: bossa e fossa. E mais tudo do que formos capaz.
Quando não tive coragem de ser outros,
perdi a chance de ser eu mesmo.Sem raiva e
sem parcialidade estive também sem
vontade e sem paixão.
Tédio como pretexto ao tédio.

среда, мај 12

Saudosismo
Caetano Veloso

Eu, você, nós dois
Já temos um passado meu amor
Um violão guardado, aquela flor
E outras mumunhas mais

Eu, você, João
Girando na vitrola sem parar
E o mundo dissonante que nós dois
Tentamos inventar
Tentamos inventar
Tentamos inventar
Tentamos
A felicidade
A felicidade
A felicidade
A felicidade
Eu, você, depois
Quarta-feira de cinzas no país
E as notas dissonantes se integraram
Ao som dos imbecis
Sim, você, nós dois
Já temos um passado meu amor
A bossa, a fossa, a nossa grande dor
Como dois quadrad›es
Lobo lobo bobo
Lobo lobo bobo
Lobo lobo bobo
Lobo lobo bobo
Eu, você, João
Girando na vitrola sem parar
E eu fico comovido de lembrar
O tempo e o som
Ah como era bom
Mas chega de saudade a realidade

É que aprendemos com João
Pra sempre a ser desafinados
Ser desafinados
Ser desafinados
Ser
Chega de saudade
Chega de saudade

Cristo Redentor braços abertos sobre a Guanabara
Este samba é só porque Rio, eu gosto de você
A morena vai sambar seu corpo todo balançar aperte o cinto, vamos chegar
Água brilhando, olha a pista chegando e vamos nós aterrar...
hoje, bossa-nova,sussurro de brasil.
sorrisos.
rio de janeiro.
bahia.
amor (cade?)
arrepio, tanto, toda, suspiro.

Ah, o mar...

uma flor

уторак, мај 11

E se estamos todos errando, artifício de trajetoriar, por que preocupar-se com outra coisa a não ser fazer do erro a maior expressão de intensidade?


Os outros também são românticos,
Os outros também não realizam nada, e são ricos e pobres,
Os outros também levam a vida a olhar para as malas a arrumar,
Os outros também dormem ao lado dos papéis meio compostos,
Os outros também são eu.
Vendedeira da rua cantando o teu pregão como um hino inconsciente,
Rodinha dentada na relojoaria da economia política,
Mãe, presente ou futura, de mortos no descascar dos Impérios,
A tua voz chega-me como uma chamada a parte nenhuma, como o silêncio da vida...
Olho dos papéis que estou pensando em arrumar para a janela,
Por onde não vi a vendedeira que ouvi por ela,
E o meu sorriso, que ainda não acabara, inclui uma crítica metafisica.
Descri de todos os deuses diante de uma secretária por arrumar,
Fitei de frente todos os destinos pela distração de ouvir apregoando,
E o meu cansaço é um barco velho que apodrece na praia deserta,
E com esta imagem de qualquer outro poeta fecho a secretária e o poema...
Como um deus, não arrumei nem uma coisa nem outra...
`
Álvaro de Campos
Por que esse gosto por singularidades rebeldes?
Configuração estranha tem tido esses dias... Defiz-me e fiz-me blasfemando loucamente contra um mundo pouco supreendente. MAs, com um pouco de bom humor, descubro guardados nos intertistícios toda a vivacidade-surpresa pela qual tanto anseio. O descuido e a leveza revestem o olhar, e entorpecem de potência de feitiço os que tem (ha,ha,ha) que lidar todos os dias com os "socialistas cristãos".
Festejo a presença-ausência de minha querida amiga! Festejo a falta que faz, quando some:sintoma de carinho; que se dá, em outra face, ao passar de relance por aqui.
alo? alo?

cambio?

sou eu?

sou?

sim! eu!

sem net, queridos, isolada mesmo. saudade de ler, de escrever, tento arrumar isso rapido, sinto falta. falta. falta.

poesia, sempre, em todas as janelas. triste, as vezes. alegre outras. assim.

me escrevam sempre. vcs estao presentes.

aline: passo os dias a elaborar longuissimas ( e caoticas...) narrativas e arrepio de vontade de te contar.

bruno: saudade de habitar os seus alhures...

bia: os quadros me levam diretamente para seu sorriso.

manfredo: bem vindo... um brinde.


escrevo mais, logo.

amor, sorriso, saudade.
Já em casa pensa em não ligar a televisão. Pensa em ler, com certeza mais relaxante e propicio ao sono. Pensa em tranqüilidade. Pensa no amor. Come pão com manteiga, pensando no que beber coca cola. Bebe água pensando o quanto é boa a água. Pensa que água não engorda. Pensa que o Brasil tem muita água e não quer mais pensar nisto. Lê e dorme.
Minha preguiçosa impaciência dá ritmo aos meus dias. Ocupo-me incessantemente em recomeçar a escrever. Apenas sei que a ânsia não repousa. é vertigem e ao mesmo tempo, interrupção em si mesma. A cada momento, luto contra o apodrecimento do tempo vivido. Instante nada mais é do que aquele momento exato em que se perde o ônibus, e nada mais resta além de pedir mais uma, re-ascencer o cigarro e o papo. E sorrir a espreita do transbordar de novo.


Privilégio do mar

Neste terraço mediocremente confortável,
bebemos cerveja e olhamos o mar.
Sabemos que nada nos acontecerá.

O edifício é sólido e o mundo também.

Sabemos que cada edifício abriga mil corpos
labutando em mil compartimentos iguais.
Às vezes, alguns se inserem fatigados no elevador
e vem cá em cima respirar a brisa do oceano,
o que é privilégio dos edifícios.

O mundo é mesmo de cimento armado.

Certamente, se houvesse um cruzador louco,
fundeado na baía em frente da cidade,
a vida seria incerta... improvável...
Mas nas águas tranqüilas só há marinheiros fiéis.
Como a esquadra é cordial!

Podemos beber honradamente nossa cerveja.

CDA

Bianca,
Sua percepção é algo notável. Sou um assistente. Da vida até hoje, só me foi dado assistir. A vida se passa como tudo;e em mim só ficam marcas como a que penso ver em suas palavras, desafiantes do medo que como sonho passa.

понедељак, мај 10

Bruno,
Igualmente não te sei, mas
Devir-me ei, veramente.
Ainda que não tenha muitos lugares a percorrer.
Não sou dado a complexidades, e talvez, por isso, tenha sido convidado a estar aqui.
A minha existência se reflete em meus óculos imundos, e na fragilidade da expressão física de meu corpo. Sou feio, antes de tudo.
Escolhi um caminho menos precário do que a brilhante esteira da frivolidade; resultante, sempre, da estupidez pretensiosa ou da iconoclastia gratuita. O que não quer dizer que esteja, nem por um minuto, livre de minha pequenez. Reforçada insistentemente pelo orgulho que sinto sendo assim.Sinto-me, por assim dizer, uma poça: rasa e metida.
No corpo

De que vale tentar reconstruir com palavras
o que o verão levou
entre nuvens e risos
junto com o jornal velho pelos ares?

O sonho na boca, o incêndio na cama.
o apelo na noite
agora são apenas esta
contração (este clarão)
de maxilar dentro do rosto.

A poesia é o presente.

Ferreira Gullar
O desgosto pela transparência com ares politizados:Haroldo de Campos

circum-lóquio
(pur troppo non allegro)
sobre o neoliberalismo
terceiro-mundista

o neoliberal
sonha um mundo higiênico:
um ecúmeno de ecônomos
de economistas e atuários
de jogadores na bolsa
de gerentes
de supermercado
de capitães de indústria
e latifundários de
banqueiros
- banquiplenos ou
banquirrotos
(que importa?
dede que circule
autoregulante
o necessário
plusvalioso
numerário)
um mundo executivo
de mega-empresários
duros e puros
mós sem dó
mais atento ao lucro
que ao salário
solitários (no câncer)
antes que solidários:
um mundo onde deus
não jogue dados
e onde tudo dure para sempre
e sempremente nada mude
um confortável
estável
confiável
mundo contábil.
Ausência de consciência é condição de existência de tempo vivido. O esquecimento vital para a propagação de pensamentos: ventos.Todo ponto é uma falta. A vida, deliciosa ficção. Somente o nada é excludente. Mas ele se desfaz assim que o atingimos. Palavra-metáfora. Se não há instÂncias paralelas, resta-nos os limites incertos, cambiantes e intercambiáveis.

недеља, мај 9

Eu quero apenas

Eu quero apenas olhar os campos, eu quero apenas cantar meu canto. Eu só não quero cantar sozinho eu quero um coro de passarinhos. Quero levar o meu canto amigo a qualquer amigo que precisar. Eu quero ter um milhão de amigos e bem mais forte poder cantar.

Eu quero apenas o vento forte. Levar meu barco no rumo norte. E no caminho que eu pescar quero dividir quando lá chegar. Quero levar o canto amigo a qualquer amigo que precisar. Eu quero ter um milhão de amigos e bem mais forte poder cantar.

Eu quero crer na paz do futuro, eu quero ter um quintal sem muro. Quero meu filho pisando firme cantando alto, sorrindo livre. Quero levar o canto amigo a qualquer amigo que precisar. Eu quero ter um milhão de amigos e bem mais forte poder cantar.

Eu quero o amor decidindo a vida, sentir a força da mão amiga. O meu irmão com o sorriso aberto, se ele chorar quero estar por perto. Quero levar o canto amigo a qualquer amigo que precisar. Eu quero ter um milhão de amigos e bem mais forte poder cantar.

Venha comigo olhar os campos, cante comigo também meu canto. Eu só não quero cantar sozinho, eu quero um coro de passarinhos. Quero levar o canto amigo a qualquer amigo que precisar. Eu quero ter um milhão de amigos e bem mais forte poder cantar.

Eu quero ter um milhão de amigos e bem mais forte poder cantar.
Eu quero ter um milhão de amigos e bem mais forte poder cantar.
Eu quero ter um milhão de amigos e bem mais forte poder cantar.

...


Roberto Carlos


.............

Carol o bloog chora em preto e branco.
Aline nem tem como te falar o que não direi
Bia... imagené!
Manfredo devirta-se... (devir tá? se!)


manfredo?

não faço ideia de quem seja vc, mas....
(Manuel Bandeira é um otimo cartão de visitas)


de outro poeta morto te dou as boas vindas...
Novo


Não me conhece
Não te conheço

Não sei de teu gosto
Não sei tua cor

Nem você saberia o meu

Um tanto quanto melhor

O que os outros pensam de nós
Senão o que somos para eles

O que é um estranho?
Senão a possibilidade do mundo...



Costa Ávila


Acabo de aparecer. Ainda sou sombra. Não sabem quem sou. E de onde surgi. Não é um privilégio.

Comumente é assim


Cada um ao nascer
traz sua dose de amor,
mas os empregos,
o dinheiro,
tudo isso,
nos resseca o solo do coração.

Sobre o coração levamos o corpo,
sobre o corpo a camisa,
mas isto é pouco.
Alguém
imbecilmente
inventou os punhos
e sobre os peitos
fez correr o amido de engomar. Quando velhos se arrependem.

A mulher se pinta.
O homem faz ginástica
pelo sistema Muller.
Mas é tarde.
A pele enche-se de rugas.
amor floresce,
floresce,
e depois desfolha.


Manoel Bandeira
Finalmente!
Ode aos que amam os tortos.
Contorcionistas libidinosos.

..........................................



Ode aos que amam os tortos.
Contorcionistas libidinosos.

..........................................

Estou cansado destes vermes da superfície e sua locomoção viscosa sob o planeta. Menos que pedantes, simples cópias do dó. Que queimem por dentro vitimas de sua culpa rasteira. Deus os acolherá e os dará o céu. Pena ele não existir.
vorcaro
Registro de ontem:



O amor antigo

O amor antigo vive de si mesmo,
não de cultivo alheio ou de presença.
Nada exige nem pede. Nada espera,
mas do destino vão nega a sentença.

O amor antigo tem raízes fundas,
feitas de sofrimento e de beleza.
Por aquelas mergulha no infinito,
e por estas suplanta a natureza.

Se em toda parte o tempo desmorona
aquilo que foi grande e deslumbrante,
o antigo amor, porém, nunca fenece
e a cada dia surge mais amante.

Mais ardente, mais pobre de esperança.
Mais triste? Não. Ele venceu a dor,
e resplandece no seu canto obscuro,
tanto mais velho quanto mais amor.

CDA

субота, мај 8

Estar escrevendo é estar só. E não estar. Percorrer os descaminhos e desencontros em que me espraio. Já não há nada dentro de mim. Estou espraiada. Transbordada. Invadida e invadindo.
A vida vivida como aventura. A aventura como tarefa a ser cumprida. Invento subjetividades realistas do tamanho de minhas paranóias. Tenho a nítida influência da falta de sintônia e incoerência com o que quer que seja. A minha artificialidade é magia com que enfeitiço a todos.
Tenho andado e sofrido a intermitência. Da bossalidade à genialidade vou pelo menos umas 150 vezes por dia;e volto. Tomo café com abelhas e com professores doutores e não tenho visto muita diferença entre eles. Alegro-me com ambos. E tenho sido apaixonada por três carinhas e saindo com um quarto. Descobri que meu coração não é duro como pedra, mas derretido como nada. Vagabundo que só.
Ontem escrevi meu primeiro conto completo!
Foi enquanto almoçava: sobre uma moça que pesava comida em self-services e tinha ódios e amores pelos clientes a partir da disposição e proporção e dimensão da comida que colocavam no prato. feliz, ela ainda não sabia que o espaço é velocidade e que desde então nada tem densidade ou proporção e que agora o que temos são somente imagens-sínteses. E este foi o único conto em que cheguei a um final. Achei um bom conto, embora dele não tenha sobrado mais do que este parágrafo.Faltou a atividade mecânica por que almoçava enquanto escrevia, e tinha fome; portanto não ia deixar de comer só para que minhas mãos acompanhassem minha mente em seu movimento de atóa-
escriturário.

Enfim...
a melhor coisa de um blog abandonado é não ter nem que pensar em outras auteridades a não ser as suas mesmo.

петак, мај 7

E se...
As afinidades singulares abandonadas do corpo prisão, entregue à plasticidade destruidora de pudores e reservas. E o viver bailar deslocar errar não suprime o medo de todas essas coisas. A entrega é um encenar-se, comprometido apenas com fazer-se intenso naquele instante.

четвртак, мај 6

Que prevaleça a vivacidade. A percepção de encadeamento deve estar subvertida, entorpecida. Se verbalizada, deve violentar-acariciar o outro, não para reduzi-lo a si, mas para evocar a intensidade do mesmo não idêntico.
Inventar a cadeia de pensamentos que leve ao estágio do delírio mais absoluto nada mais é do que vivenciar todos os desconhecidos, flutuar dançando ininterruptamente no vislumbre da diferença.

среда, мај 5

" QUANTO MAIS OS TELESCÓPIOS FOREM APERFEIÇOADOS MAIS ESTRELAS SURGIRÃO"
Gustave Flaubert

недеља, мај 2

e por tudo, minha palavra são (querem ser) errância, desconcerto e deslocamento.
e a de vocês...
Sempre achei Drummond com cara de domingo.De domingo como este, de sol e azul. De brisa e preguiça. De leituras agradáveis e um pijama confortável. De internet, e um bom almoço. E umas boas risadas. Mais tarde, um chop. Ah!Sensibilidade inscrita na profundidade leve de a-toás sem fim...


A palavra mágica


Certa palavra dorme na sombra
de um livro raro.
Como desencantá-la?
É a senha da vida
a senha do mundo.
Vou procurá-la.

Vou procurá-la a vida inteira
no mundo todo.
Se tarda o encontro, se não a encontro,
não desanimo,
procuro sempre.

Procuro sempre, e minha procura
ficará sendo
minha palavra.





CDA
Hipótese



E se Deus é canhoto
e criou com a mão esquerda?
Isso explica, talvez, as coisas deste mundo.


Carlos Drummond de Andrade

субота, мај 1

Tem um encanto de canto e prosa, perdido por entre as transversais que não são; estão sendo. E se não há transparência possível, que me importa só termos uma parte das coisas... Há uma irrelevância em tudo aquilo que é.É só uma das ingenuidades pensar que a "Verdade" tem mais valor que outras perspectivas. Por que não poderia o mundo que nos concerne ser uma ficção.Entre as sombras e tonalidades do aparente, as realidades são nossos desejos e paixões e impulsos mil.
Bia! Achei lindo tua escrita. A apropriação do derretimento de faces, então: Desconcertantemente adorável!
Encontro fantástico:errância indescritível: ( Vanessa, Rísia, e Fê e eu...).
Quatro caminhos que se entrecortam num instante esfuziante, produzindo a mistura heterôgenea que me serve de base (afirmação e negação permanente). Esse conflito vertiginoso é o que tenho de mais perene.
Amizade: fusão momentânea de horizontes...espetáculo de vivacidade e diferença.

(poetinha em fragmentos)


De que mais precisa um homem senão de um amigo pra ele gostar, um [amigo bem
seco, bem simples, desses que nem precisa falar -- basta olhar -- um
desses que desmereça um pouco da amizade, de um amigo pra paz e pra [briga,
um amigo de paz e de bar ?

E enquanto passando, enquanto esperando, de que mais precisa um homem [senão
de suas mãos para apertar as mãos do amigo depois das ausências, e pra
bater nas costas do amigo, e pra discutir com o amigo e pra servir bebida à
vontade ao amigo ?
(...)

Precisa-se de um amigo que diga que vale a pena viver, não porque a vida é bela, mas porque já se tem um amigo. Precisa-se de um amigo para se parar de chorar. Para não se viver debruçado no passado em busca de memórias perdidas. Que nos bata nos ombros sorrindo ou chorando, mas que nos chame de amigo, para ter-se a consciência de que ainda se vive.

Vínicius de Moraes.