уторак, октобар 31

Nesta mesa posta e vazia, todos nos silenciamos para
ouvir um certo
burburinho, um rumor que secreta um corpo: é o som
causado pelo
atrito da ponta do lápis que risca a folha de papel.

(Um traço irrompe.)

Ce qu'on sait n'est pas à soi


Consteladas as vozes, diversas, somos
lançados para o vazio em que se trava a batalha pela
visão da escrita,
no desejo de que uma outra escrita possa surgir: dos
afetos, dos
fulgores, da paisagem.


(Para o corpo que se insinua junto ao meu, espalho um
rastro de
cintilâncias: meu corpo amolece, debruça-se sobre o
outro, vai e volta,
desprende-se de mim e abre-se ao fora de si mesmo:
estofo / caliça /
espumas.)

Mas na hora de voltar à tona já não havia os encantos submarinos e reaparecia a ânsia do afogamento. Você sabe? Você sabe, por acaso? A essa hora onde andará meu amor? A essa hora, onde andarão os meus amores? Meus dois, três amores? Onde andarão a essa hora? Onde está você? Adiós muchachos, compañeros etc. Fome de amor. Por que eles me deixaram sozinho numa hora tão difícil de se entender?

Escrevo nestes cadernos para que, de fato, a
experiência do
tempo possa ser absorvida. Pensei que, um dia, ler
estes
textos, provenientes da minha tensão de esvair-me e
cumular-
me em metamorfoses poderia proporcionar-me indícios do
eterno retorno do mútuo.

leio estes cadernos para sorver o espernear : a imagem
de uma extinção. De um exílio.Eles irão para longe. e
não, não irão voltar;

But that must not lead to a kind of neutralization of differences

To keep the outside out.

é assim: A gente avacalha e depois se esculhamba.
Oh sombra de remedio inconstante,
ser en mí lo mejor lo que no es nada!

O meu caminho, por outro lado:
É um
caminho ainda viável, uma espécie de caminho de ronda
que
ladeia, vigia e, por vezes, duplica o outro caminho,
aquele
onde errar é a tarefa sem fim.
venho a
esta casa com o sentido indagador que lhe
dou. Prescutar e receber
certas dobras quase
gastas e apagadas de acontecimentos históricos. O
livro não
é, para mim, o objeto rápido de uma leitura; dissimula
um
mútuo: uma época e alguém.

é de esperar que alguém se obstine em fazer coisas assim. Mas pra que também essa originalidade toda? Nada interessa?

Principio a recorrer às palavras que anunciam a
realidade.
Por que brincas? Por que não brincas? Porque
brincas
sozinha?
Por necessidade de te conhecer. De conhecer-te
respondo.
Entraste no reino onde sou cão. Pesa a
palavra.
Eu peso.
Desenha a palavra.
Eu desenho.
Pensa a palavra.
Eu penso.
Então entraste no reino onde eu sou cão
concluiu ele.

(Maria Gabriela Llansol,Maurice Blanchot , Stéphane
Mallarmé,
Clarice Lispector, Caetano veloso e eu mesmo)

четвртак, октобар 26

É como se não se sentisse nada. Tédio e compostura. Esteve além e aquém. E agora, Ali. O infinitamente grande... o infinitamente pequeno... às vezes a diferença não é simples. Às vezes não existe diferença. É preciso que as coisas sejam esquartejadas e dissolvidas. Preciso que a proximidade seja superada por todas as distâncias, para que se veja despontar o díspar. Não se trata de uma paciência ou de uma fixação ordinária. Visto o deslocamento e o disfarce, vence-se com leveza o breve instante de paralisia e retoma-se a reconquista do infinito. Tornar-se o próprio impossível.
Por que as coisas se repetem para mostrar que nada permanece?

среда, октобар 18

São apenas tempos sarcárticos, catárticos. Gosto de escrever como gosto das minhas unhas, vermelhas, e dos alter-egos fantásticos que se derramam sem fim nas mesas dos bares. Sei que se pudesse afugentaria o desejo a qualquer preço. Se pudesse escreveria pra falar contigo. Mas gosto de contar os degraus em que tropeço. Sou danado e como erva daninha encho meus bolsos de cigarro e emoção. Fujo dos holofotes estrangulando uma outra vida que nunca pode. Andam me dizendo que sou muito má. Mas tenho pra mim que não. Herdei sim aquela certeza de que dou para o mal. Mas não vou viver das lágrimas do teu rosto. E ainda que passe por cima, será apenas uma dança.Quando eu for embora, um gesto incompreensível aprisionado em uma insana escultura. Eu sei, você às vezes fica preso em sonhos tristes. Por isso insisti para que o nosso encontro fosse em mim. Onde chove sempre. É o indigente que apazigua a ressaca e põe a menina na cama. Havia outro que a amava. Uma parede é uma letra e mesmo assim não cabe.
É que temos muito medo de ser parvos.

уторак, октобар 10

-Que pode ser aquilo que se quer?
-Entre._ o mundo é mesmo essa quimera semi-horrenda.
Nos deixemos cair, ora, num doce abandono no meio desta desordem. Por trás, mais longe.
-O mundo está, para mim, deserto. Quando chegará o momento de estancar essa hemorragia? Minha dor não tem cura.
- há uma espécie de beleza nisso... uma grande farsa... um carnaval nunca vivido... uma catástrofe sem lágrimas... uma súbita aflição basicamente triunfante... deleite, desvio,delírio, desespero, desvario, desaparição.
- eu queria dizer que permaneço bêbada para sorver a sobriedade do mundo. Mas basta dessa vida pela metade. Basta de Eu e Outros.Estes subterfúgios que são as dicotomias eu blasfemo. Estou bêbada e sobria, sou eu e todos os demais. Atravesso a cisão que nunca foi senão o reflexo de uma tênue poça d'água.
- você corre..... Não quer....acho que honestamente evita... Mas leio-te e vejo o mesmo intelectual de sempre. A consciência de todos...Falando em nome do universal. Pescando do abstrato céu a verdade e oferecendo, "generoso" sua determinação possível aos bossais.
- eu posso falar de um único homem, ou de todos os homens. Por que escolher a forma menos dispendiosa, menos aleatória, menos sucetível à escapatórias, à deslizes, aos empurrões?
- não há nada a se compartilhar entre todos os homens.
-Há: a vaidade, o cinismo e a luxúria. Há também o sonho, a bela, inútil mas soberana capacidade de sonhar.

недеља, октобар 8

Busco, sabendo que a busca é a própria procura
Porque não há de se nomear um fim no que não se finda em seu fim
Que tornar-se-á uma outra busca do procurar
Caminho sem propósito que fuja ao caminhar
Que é o próprio fim em movimento
Estar nunca estando