петак, октобар 1

Bem... muito antes de entrar na rede de pegar peixinhos, Serafim, como todo peixinho de sua idade apaixonou-se por uma bela peixinha dourada laranja. Laranja não, aliás, laranja e azul. Aquela combinação de cores parecia hipnotizar Serafim mais do que a alga verde musgo sem gosto. Ele nunca havia visto cores tão diferentes no mesmo peixe, nenhum peixe ou peixinho dali havia visto, ou se lembrava ter visto um peixe com aquelas belas cores. Na verdade os outros peixes e peixinhos pareciam não gostar muito das cores da peixinha, pois cada vez que a viam se moviam para outro canto do aquário. Mas, ao contrário dos demais, não se passaram cinco segundos sequer que Serafim não estivesse a seu lado.
Infelizmente para nosso peixinho ela nem parecia se importar com ele. Só parecia que não se importava, pois tudo se mostrou um grande engano de memórias. A memória da peixinha dava cinco segundos logo quando Serafim chegava a seu lado, então, sem se lembrar que ele estava ali, saía nadando para perto dos demais peixinhos, para no fim ser desprezada novamente. Serafim então, que tinha a memória dois segundos mais atrasada que a da peixinha laranja-azul sempre ficava lá abandonado e apaixonado.
Serafim não se lembrava porque, mas sentia-se deprimido por aquela época. Então, num dia qualquer, depois de ser mais uma vez desprezado pela peixinha laranja-azulado, quis nadar o mais rápido possível. Nadou, nadou e nadou muito rápido, nadou para cima! Ai... Serafim voou... Por pouco tempo é claro,mas voou. Caiu no chão e ficou ali. Pulando de um lado para o outro sem sair muito do lugar. Nadadeiras não são boas no tapete. Sorte dele que eu estava ali do lado olhando e berrei até vir o gigante e ajuda-lo. E se alguém tem alguma dúvida sobre a memória curta dos peixes não precisa ter mais. Cinco segundos depois de ser colocado no aquário, lá estava ele voando para fora da água em direção ao tapete.
Mas isto foi só por um tempo, parecia que Serafim havia esquecido da idéia de voar tão repentinamente quanto a teve. Mesmo assim só andava cabisbaixo, no fundo do aquário, perto das pedras redondinhas. Nem via o mergulhador, nem se interessava nas bolhas, não achava novidade os irmãos, nem brincava de siga o mestre. Se peixe chorasse Serafim choraria, tamanha sua tristeza por ser menosprezado pela peixinha. Mas como peixe não chora, Serafim saiu por todo aquário beijando a água. Beijou tanto que um dia, distraído, beijou uma linda peixinha azul-alaranjada bem na boca. O melhor é que ela também andava distraída beijando a água por aí, triste, triste, por ser desprezada pelos outros peixinhos. Então quando as duas bocas beijoqueiras e tristes se tocaram o cronômetro da memória resetou totalmente. Só se lembravam do beijinho molhado e da cara um do outro. Ficaram assim o dia todo, um olhando para o outro. Não se distraíram nem por cinco segundos.

1 коментар:

caderno de notas је рекао...

Serafim são cinco contíguos segundos mais intensos que toda uma eternidade: movimento de encantar e enternecer... lindo, lindo!