уторак, фебруар 14

O CACTO


AQUELE CACTO lembrava os gestos desesperados; da estatuária:
Laocoonte constrangido pelas serpentes,
Ugolino e os filhos esfaimados.
Evocava também o seco nordeste; carnaubais, caatingas...
Era enorme; mesmo para esta terra de feracidades excepcionais.
Um dia um tufão furibundo abateu-o pela raiz.
O cacto tombou atravessado na rua,
Quebrou os beirais do casario fronteiro,
Impediu o trânsito de bonde, automóveis, carroças.
Arrebentou os cabos elétricos e durante vinte e quatro horas
privou a cidade de iluminação e energia:
- Era belo, áspero, intratável.


(Manuel Bandeira Petrópolis, 1925)

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