петак, фебруар 10

5 de fevereiro de 1972

pela primeira vez resolvi entregar-me a alguém. não me parecia uma boa hora para hesitações. tudo já estava marcado. como o final do livro, marcado. o cenário lindo e perfeito. nenhum dessarranjo sem flores, nenhumas das damas sem honra, nenhuma das preces sem amém. o dia era meu, mais que de qualquer outra pessoa.

21 de outubro de 1976

acho que algo me tocou hoje, de maneira diferente. mamãe veio me visitar, trouxe pudim de pão com leite da roça. perguntou como estava. "Está ótimo!", respondi. não, não é o pudim. merda de pudim! agora estou horrível. perdi o toque. devorei o pudim com culpa.

15 de maio de 1981

só as mães são felizes. o bate bate lá fora nem parece perceber que nesse quarto sou mais... faço mais. um. dois. três. mamãe me lembra esses números. cortina. cera líquida. TV Phillips. esconde-esconde que nem percebo. esconde-esconde. ora, esconde-esconde! hoje tudo parece muito mais oculto. cortina. cera líquida. TV Phillips. sempre esconde-esconde. nos últimos tempos, tudo me conspira um segredo.

29 de novembro de 1987

o dinheiro não dá para nada. 10 mil cruzados na mão e o Sr. Sarney a nos ajudar com mais um plano de milagre. tudo comprometido. preciso de carne, leite, pão, salão e Lojas Americanas. uma família feliz, como todas as outras. apesar do Sr. Sarney. se fosse o Tancredo...

26 de setembro de 1994

encontrei estes escritos! não sabia que os tinha feito! trapaça do tempo! era outra antes de lê-los! sou outra quando os leio! devo ser outra quando queimá-los! vai embora passado!!!!! desgraça de escrita!!!!!!

15 de fevereiro de 2006

encontrei alguns papéis queimados. rabiscos em uma caderneta pequena e envermelhada do ano de 1971. telefone. feriados. fuso horário e a assinatura da minha mãe. agora começo a me lembrar do que ela sempre quis esquecer. decerto papai não teria um diário. mas se tivesse, e o encontrasse, leria precipitadamente, sem tomar nota de que, neste momento, quem o escreve serei sempre eu.

1 коментар:

caderno de notas је рекао...

Alles Gute zum Geburtstag, mein Freund. Leute erinnern sich, daß zu vergessen sich erinnern Sie, an wem schreiben? wer liest? wo Ort der Welt innen finden Re-wir sie? Buon compleanno, il mio amico. La gente si ricorda di che dimenticarsi ricordisi di chi scrivono? chi legge? dove posto del mondo dentro re- li troviamo?Happy birthday, my friend. People remember forget remember. who write? who reads? where place of the world in re-we find them?feliz aniversário meu amigo. A gente lembra esquece lembra. quem escreve? quem lê? em que lugar do mundo nos re-encontramos?Joyeux anniversaire, mon ami. Les gens se rappellent qu'oublier rappelez-vous qui écrivent? qui lit? où endroit du monde dedans re- les trouvons-nous?

TUDO ISSO FAZ SENTIDO?