недеља, фебруар 5

Abriu a porta e não era ninguém.
Voltou-me. Nada do que via lhe pertencia. Estranha no único lugar que seria seu. Sorriu-se amargamente de tanta liberdade.Entendeu que não precisva ir a lugar algum,e ao mesmo tempo que poderia tê-los todos.O que a desobrigava a ficar não a obrigava a ir. E era este estado intermediário, este hiato, que ela havia buscado (inconsciemente?). Eu estava em sua cama. Ela me via? Acendi um cigarro e esperei longos minutos.Bebia um bom vinho e a taça estava cheia o suficiente.
Voltei a fitar aquela mulher, desnuda e um tanto descabelada. Compreendi que a solidão é um estado de excesso de ser por dentro, de modo tal que nada sobra para fora.
Há anos conhecia-a, "enfermiça da vida", aquela alegria fútil de quem nunca perdeu nada, uma irritante e banal felicidade inabalável, que a conferia uma fealdade impossível de descrever. Tive preguiça quando ela se ofereceu esta noite, confesso.
Era ela a mulher que agora borbulhava, sem se dar conta, de si , de mim, do mundo. Atingia uma espécie de nirvana naquele silêncio angustioso, doído. Uma beleza incomunicável irradiava-se por toda sala.Alguma coisa estava falecendo naquele momento, com aquele silêncio.Ela agora fumava, como se conformada com a extinção. As lágrimas que vertia era tão invisivéis como eram inauditas suas palavras. Era como se quisesse guardar algo pra si, algo que fosse somente seu.
Encheu-me o copo, e eu dei um gole generoso. É preciso estar bêbado para assistir a certos nascimentos e mortes. Por um minuto ela concentrou-se em meus olhos.Lancei-lhe um olhar de discórdia, para deixar claro que ela estava certa, terminei o vinho que restava num único gole, levantei-me e sai sem fechar a porta.

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