понедељак, септембар 19

Se extravaso-me em dias banais é porque sempre falta alguma coisa: um copo, um beijo, uma carta, um riso, um corte, um insulto, um lençol, um desfile, um coração, um jardim.
Troquei todos os acasos por orgias intelectuais.
Sentir a vida não é mais do que forjar todas as possibilidades.
Arrebente-se três vezes ao dia.
Venda-se duas vezes por semana.
Afague um leproso por mês.
Ganhe na loteria uma vez na vida:
Lei da compensação universal.
E se o ainda sinto o bafo da angústia. O que importa não é o bafo da angústia, mas o que sinto ainda. O resto se reveza depressa demais para que eu me preocupe com algo além de sorvê-lo com apetite.
Inquietação prolixa.

1 коментар:

Анониман је рекао...

"Muito barulho à , por nada". Por nada. Essa vida era-lhe dada à toa, ele não era nada e no entanto não mudaria mais. Estava formado. Tirou os sapatos e ficou imóvel, sentado no braço da poltrona, uma sapato na mão. Sentia ainda no fundo da garganta o calor ruivo e adocicado do rum. Bocejo. O dia estava acabado e acabava sua mocidade. Morais comprovadas já lhe ofereciam seus serviços. O epicurismo desabusado, a indulgência sorridente, a resignação, a seriedade de espírito, o estoicismo, tudo isso que permite apreciar, minuto por minuto, como bom conhecedor, uma vida malograda. Tirou o paletó, pôs-se a desfazer o nó da gravata. Repetia bocejando: - Não tem dúvida, não tem dúvida, estou na idade da razão.

Sartre, A idade da razão