недеља, септембар 11

Observo atentamente a roda da fortuna girar.
Sempre haverá tempo para os acertos de conta.
Esta cidade é a extraordinária morte de um astro.Ao abrir os olhos, cerco-me de horror, não pelo que vejo, mas pela ausência do fundamental: angústia.
Todos os que, sendo bonitos e perfeitos demais, se tornam os mais horrorosos seres fantasiados e despreendidos da dor de ser o que se é.
A frivolidade dispensa a angústia, mas cobra caro seu feito.
É vão e grosseiro fugir da dor atrás das máscaras. Os disfarces cotidianos são gritos da angústia, não seu silêncio e morte.
Esta estranha retórica que me persegue me alivia mas me foga porque não é o bastante. Ignorar a lógica não é o bastante.
Armas equivocadas produzem discórdia, mas não discordância.

1 коментар:

Анониман је рекао...

Mas quem é capaz de suportar a angústia? Posto para fora do conforto de sua casa, exposto ao tempo, ao frio, a solidão. Não são todos que suportam acolher a angústia como ato de vontade, apesar de ser um primeiro passo para a liberdade; ver-se como o princípio originário, ser donde tudo imana. Quem se presta a assumir tal condição lança sobre ombros um fardo, uma cruz.

O que se pode dizer de um poema? Que é belo? Por mais que traga repulsa e choque, digo que é belo. Sorte dos que apenas lêem, que se prestam apenas ao deleite, ao divertimento. Sorte ainda maior para os que conseguem se ver o outro - quem sabe seja o alcançar-a-comunhão-dos-seres. E para os que esquecrevem? Será tão belo por mais que se queira? Talvez sim, pelo o ato de se jogar ao mar; talvez não, pelo o temor do acaso. Tal angústia segue-nos passo a passo, desce a cada dose de cachaça, enfia o dedo em nossos olhos para choramos. Por que ao invés de dá-lhe as mãos não jogamos no chão a cruz? Não sei.

Por fim, simplesmente ser vale o preço a ser pago quando se está só dentre todos os demais; se apenas, ao fim da última palavra, vejo o mundo turvo através de minhas lágrimas ?