субота, април 17

"Ah não ser eu toda a gente e toda a parte!"
Encenação plena de mim mesmo. Amontoado de ruínas enfeitiçadas, prontas para serem invadidas. Tanto para fazer e tanta preguiça para sentir... A vida de quase-silêncio não aplaca a fúria promíscua; assim como a tagarelisse não sofistica as máscaras.
E agora...( rindo de (para)
mim e de todos transbordados de errância) resolvi:
Não mais usar a palavra para buscar o igual, cansaço da palavra-conceito. chega da linguagem-máquina, mecânica, clara, precisa. Não quero mais compartilhar o mesmo idêntico. Nunca mais vou concordar. Nem construir consenso. Isso mesmo. Não me comun-icarei com ninguém.
Quero a face da diferença, o rosto- movimento. Não ter paz por não ter reconhecimento. A minha insignificância é apenas o reverso das coisas.
Ai... (palavra-disfarce).
(...) destruição não é perda, e a fratura impossível: basta um olhar, para que o mundo se torne encanto.



A Espantosa Realidade das Cousas


A espantosa realidade das cousas
É a minha descoberta de todos os dias.
Cada cousa é o que é,
E é difícil explicar a alguém quanto isso me alegra,
E quanto isso me basta.
Basta existir para se ser completo.

Tenho escrito bastantes poemas.
Hei de escrever muitos mais. naturalmente.

Cada poema meu diz isto,
E todos os meus poemas são diferentes,
Porque cada cousa que há é uma maneira de dizer isto.

Às vezes ponho-me a olhar para uma pedra.
Não me ponho a pensar se ela sente.
Não me perco a chamar-lhe minha irmã.
Mas gosto dela por ela ser uma pedra,
Gosto dela porque ela não sente nada.
Gosto dela porque ela não tem parentesco nenhum comigo.

Alberto Caiero

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