среда, април 6

Espalhava mar em mãos, em pés e em olhos. Vislumbrava persistentemente a ilha. Mesmo exausto vislumbrava-a. Afogaria-se ao sonho da ilha ou a alcançaria? Não importava mais, pois nem mesmo ilha tinha certeza ser a ilha. Ilusão naufraga, utopia, paraíso ou só mais uma ilha, pouco lhe importava o que a ilha realmente seja. Sua sobrevivência depende da ilha, da busca pela ilha. Sem esta busca não seria mais naufrago, não mais um sobrevivente, perderia sua identidade, acabaria-se. Uma vez chegando a ilha, nunca mais o naufrago retornaria ao mar. Não haveriam mais barcos a o ajudar em sua travessia, nem barcos a salvá-lo, nem mesmo os barcos que ao seu lado navegavam atentos. E caso cedessem os braços as correntezas e a maré seria ele aportado a ilha? Poderia então esta ser deserta? Poderiam habitar pessoas hostis? Não saberia dizer, a ilha é sempre distante. Incerta. Mas nem ao menos sabemos se a ilha existe. E se existir seria uma acolhida ou uma expulsão? São tantas as possibilidades que o naufrago nunca esteve sozinho. Por fim cansou-se sem estafa deixando-se levar ao fundo do mar. Então calmamente levantou-se e caminhou sobre as águas. Não havia ele imaginado que as águas poderiam ser rasas.

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caderno de notas је рекао...

" A partir de um certo ponto não há mais qualquer possibilidade de retorno. É exatamente este ponto que devemos alcançar."
Franz Kafka