понедељак, јануар 22

Meu pulmão tossindo escarros parece querer me avisar de algo que deve sair daqui de dentro, urgente não por alguma necessária limpeza e purificação do corpo e quase isso emergente, de querer que saia algo logo porque deve sair, mas não sem dor sujeira catarro que leva um pouco desse meu ar expectorante.

Não sou o único que está expelindo sujeira agora é o mundo que está recebendo aquilo que me foi dado sem contrato de troca, acerto de contas, não, nada disso, porra nenhuma que o acerto de contas de nada nos vale senão se enreda pela negação de um erro para a troca, mas não, quando não há um erro, porque não há um acerto, o que se tem para expelir é exatamente isto que renitente faço agora, expectorar o ar da Cidade, jogando meu catarro na cara do Outro no espelho do banheiro no chão da sala de visitas na despensa de uma lembrança, sigo assim o que posso fazer a respeito disso que tosse contra mim, me sufoca e me alivia na espera expectorante de que o último será para sempre o último e que depois dele o que vem será a saúde bonança riqueza, não doença, nada de febre dores odores mórbidos de uma vida débil e ainda assim cuspida e escarrada. Não, quem me dirá ser possível parar com estes pigarros, algum deus algum humano?, ainda assim não, não tem ninguém, sou isso que vomita em vocês desejando o suco grosso e viscoso que salta da boca de vocês porque salta de mim e salta daqui para nossa comunhão, a substância essencial da nossa Cidade que tosse em mim e eu escarro nela, vocês não?, escarro sim como uma oração de graças a deus por existir alguma secreção que nos fixe precariamente num pegajoso mimo pulmonar, nada de cigarros nada de margaridas anjos e seus jardins queimados, o que tenho agora de mim unicamente meu e nada mais além disso uma tosse que acontece aqui e volta e revolta envolta no escarro que salta assim da garganta vindo do meu pulmão sufocado no seu próprio ar ar ar ah...!, ah não!, o que é?, eu preciso expelir isso colocar para fora o que é da substância porque o que está dentro não precisa ser guardado para que mate quem o aloja, nenhuma essência se guarda não, ela se mostra, joga-se violenta e involuntária porque assim ela é, caprichosa e sufocante essência, respiro mais um pouco enquanto atravesso a rua, de um lado cemitério do outro cemitério, um Corcovado melancólico separa a Cidade sentimental e suspiro, é preciso!, já!, eu ainda acredito nisso, no suspiro que precede o espirro, está aí nossa essência mas, grande bosta!, o Ser suspirante diz respira e pede por ar ar ar, avisa que algo vai acontecer pelo seu pulmão fonte de vida e catarro, algo pode fugir para fora dos planos, ensaia dizer o que está aí, o essencial no reflexo da Cidade, o ar que gira o peão e brincando com esse peão coloco para fora aquilo que vem de dentro porque é por fora que o de dentro me vem e fica aqui sufocando preso sempre a chiar a minha respiração para fora, não não não, preciso escarrar na valsa do mundo para ver aonde o meu fôlego suspirante pode ir se estender, assim quase até não aguentar mais, até explodir em fúria e deixar cair a essência da Cidade.

Vejo então no espelho do banheiro o reflexo de uma polpa verde que surgiu de assalto do meu pulmão em direção à boca e libertou-se no ar girando em círculos de um progressivo espiral indo grudar no vidro que nos reflete, meu ar e eu, sim o que vejo agora no espelho da Cidade é de um lado uma esmeralda verde impressionante corro para pegá-la linda e reluzente, e do outro lado um resto de abacate colado porcamente na minha frente naquele vidro ah que verde mais nojento, quem me dera não ver isso, esse abacate desgraçado, quem me dera seguir no mundo espirrando esmeraldas para os pobres de espírito, enriquecê-los com meu cuspe e meu ar já debilitado, mas não, na Cidade o abacate no quintal do pobre parece querer dizer tanto quanto a esmeralda no pescoço do rico e eu expectorante já me perdendo brincando na roda viva que gira em volta do meu escarro sem saber aonde ele vai parar assim porque eu vou puxando o ar até não aguentar socando a história disso tudo para dentro me sentindo sufocado pela minha própria respiração e já uma secreção essencial escondida na minha garganta precisa saltar para me aliviar...

Cuspi.

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