четвртак, децембар 14

é porque a gente percorre as passagens dos textos que abrimos e fechamos todos os dias. todo dia uma nova história é aberta, e tudo não contempla o todo nunca. Tudo me parece muito solipsista no momento, mas em algum lugar eu sei que todos os desarranjos não são apenas fruto de minha incompreensão. é furto daquilo que não vivo, e aspiro, vivo pelo avesso, pela outra ponta, toco pelo lado de lá. não adianta fingir que não aro todos os dias meu terreno, e seria uma loucura pensar que não é aqui que devo estar. é isto, não aquilo. desse jeito e não do outro, e outro, do outro vivo como outro. só me interesso pelo que existe, ruína desafeto arranhão desgosto tombo cansaço, gosto de tudo que existe e do que não existe por não existir, não por ser algo que foi ali e já volta. não quero aquilo que morreu, mas aquilo que não foi senão morte: desejo. a vida é sim esta corda bamba, não buscar o dia em que esta bagunça estará arrumada. não quero me dissolver e saber que um dia virá a redenção. essa indiferença é uma conquista do intelecto. não quero navegar num mar. nem mesmo um rasante num fim de tarde. não quero esta outra vida. quero nesta vida esta vida. sem laços, sem trégua, sem piedade. me cansei dos sonhadores, e dos destruidores de sonhos também. quero sorver de um pesadelo o pesadelo, e o que nele falta, não necessariamente como um sonho, mas aquilo ainda-inominável que pode vir me visitar esta noite.

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